quarta-feira, outubro 18, 2006

Skank: Encontros O Globo

A edição de outubro do Encontros O Globo - Especial Música (evento realizado todo mês no auditório do jornal) teve como convidado o Skank.

Durante duas horas, o grupo mineiro respondeu às perguntas dos jornalistas Antônio Carlos Miguel e Bernardo Araújo, do compositor (e também jornalista) Fausto Fawcett, do público e também dos internautas que acessaram o site d'O Globo. Foram abordados temas como criação, pirataria e as mudanças estéticas da banda, entre outros.

O Skank também tocou, em formato acústico, três canções de seu novo CD, Carrossel ("Eu e a Felicidade", "Balada Pra João e Joana" e "Uma Canção é Pra Isso"). No final, os integrantes, muito gentilmente, atenderam a todos os fãs - posando para fotos, etc.

Em tempo: e eu não tive como evitar o vexame de bancar o tiete. E o Samuel Rosa até sorriu ao saber que o sujeito que escreveu a resenha do Carrossel para o IM - International Magazine estava justamente ali pegando um autógrafo dele....

sexta-feira, outubro 06, 2006

Caetano Veloso: na íntegra

Para não ultrapassar a limite de espaço - calcanhar-de-aquiles de dez entre dez veículos impressos - , escrevi dois textos sobre o CD , de Caetano Veloso: um mais curto do que o outro. Notei, entretanto, que o mais extenso até estava dentro das limitações estabelecidas - e, obviamente, seria o meu escolhido para enviar para a editoria do IM.

Entretanto, atrasado para o fechamento da edição, cometi o desatino de enviar... o texto mais curto.

Tudo bem. Paciência.

No entanto, por entender que "os filhos são para o mundo", por que eu deveria guardar esse artigo só para mim? Deixo-o, à guisa de curiosidade, aqui no blog.


Vale lembrar que o tema é polêmico, mas o meu gesto não visa revogar uma vírgula sequer daquilo que foi publicado. Muito pelo contrário: por me estender, naturalmente me aprofundo sobre o assunto.

E acreditem: lamento muito pelo ocorrido.

"...nem uma força virá me fazer calar... "



Saudades de Caetano Veloso

Chega a ser... melancólico... constatar a derrocada criativa de um dos mais influentes artistas brasileiros de todos os tempos: Caetano Veloso acaba de editar (Universal), seis anos após Noites Do Norte, o seu último de inéditas. E, pela primeira vez em sua carreira, o compositor baiano apresenta um álbum que inclui apenas músicas de sua autoria - doze ao todo.

Com o auxílio dos jovens (e bons) instrumentistas Ricardo Dias Gomes (baixo), Marcelo Calado (bateria) e Pedro Sá (guitarra), é um disco de arranjos coesos e minimalistas, porém insuficientes para disfarçar a indigência das novas canções de Caetano. Eventualmente, há um sopro de pop rock no ar, como na embaraçosa "Rocks" - uma boa base instrumental que acabou desperdiçada em uma narrativa bobinha, bobinha (sinta só o refrão: "você foi a rata comigo..."). Embora jamais tenha dominado a linguagem do rock, Caetano já transitou por essa seara de maneira muito mais convincente - "Eclipse Oculto" é um bom exemplo.

(E, como Caetano não costuma pregar prego sem estopa, fica a pulga atrás da orelha: será que ele fez "Rocks" a sério? Ou estaria Caê tirando um sarro do gênero, parodiando-lhe o primarismo? Tomara que não. Pois, nesse caso, seria como assinar e lavrar em cartório um atestado de parco conhecimento acerca do assunto - mesmo ele tendo comparecido ao festival na Ilha de Wight, etc e tal....).

O álbum - de notável cunho experimental - já começa mal com a pueril "Outro", cuja letra é simplesmente constrangedora: "você nem vai me reconhecer quando eu passar por você/ de cara alegre e cruel/ feliz e mau/ como um pau duro". Lamentável. A pretensa provocação na concretista "Homem" parece algum rascunho inacabado dos Titãs. E o que dizer então do inacreditável orgasmo luso de "Porquê"? Se a intenção era chocar, soou apenas... ridículo. Só faltou, numa alusão a "April In Portugal (Coimbra)", Caetano batizar a canção de... "Alcova em Portugal".

Já o pseudo-samba "Musa Híbrida" apresenta uma harmonia até interessante, em arranjo totalmente estruturado em uma boa guitarra wah-wah. Mas nada que empolgue ninguém.

No refrão de "Odeio", Caetano repete "odeio você/ odeio você", como um mantra do mal, em um exercício de pura revolta anciã - perfeita para um aposentado cantar para uma atendente do posto do INSS.

A confessional "Não Me Arrependo" é o primeiro single escolhido para as rádios - e não por acaso. A interpretação sentida e a simplicidade da letra expõem a semelhança com recentes versões de sucessos populares feitas por Caetano. Sem ser necessariamente brilhante, trata-se do único resquício - ainda que em tons pastéis - do autor de "Itapuã".

Aliás, nos últimos 12 anos, os melhores momentos de Caetano (verdade seja dita: um grande intérprete) deram-se somente através de canções alheias, como "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer", do repertório de Fernando Mendes; "Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim", de Rossini Pinto; além da (merecidamente) estourada "Sozinho", de Peninha. E, infelizmente, nos deixa a certeza de que o seu esgotamento como compositor não era apenas uma má impressão.

Na verdade, esse é o ponto chave da questão: o autor que anteriormente, entre arroubos de inteligência e sensibilidade criava versos como "a rima é o antiacidente", hoje rima "ouro de tolo" com "lobo bolo".

Paira uma dúvida: será que não haveria ninguém do convívio de Caetano que pudesse avisá-lo que, paulatinamente (sem trocadilho), a sua reputação está sendo empurrada ribanceira abaixo? Que, para lançar um trabalho tão ineficaz como esse, seria mais produtivo editar, quem sabe?, o seu acalentado disco de canções românticas? E que, além do desrespeito para com a sua própria trajetória, Cê chega a ser uma afronta... ao seu público?

A pirotecnia habitual, pelo menos, ele já assegurou - ao classificar (numa recente entrevista concedida para a televisão) um colega de classe como... besta.

E ainda é bem capaz de ele ainda dizer que quem não gostou de é idiota.

Resta, portanto, um sentimento de... saudade. Saudade do artista que, outrora, concebeu álbuns marcantes como Cinema Transcendental e Circuladô. Artista esse que, devo dizer...

...parece não mais existir.

E que ninguém pense que isso é dito com algum prazer ou alegria.

Em tempo: há pouco mais de um mês atrás, um jornal carioca tentou, timidamente, reacender a polêmica dos anos 60 do "disco do Caetano Veloso versus disco do Chico Buarque" - visto que este último também editou CD novo, Carioca, esse ano. Bem, se a questão é mesmo essa... dessa vez, deu Chico na cabeça.


Ouça aqui um trecho de
"Por Quê?".


IM: edição de outubro/2006

Esses são os os destaques da edição de outubro do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE:

  • entrevista exclusiva com LENINE, falando sobre o seu novo CD, Acústico MTV, por MARCELO FRÓES & MAURÍCIO GOUVÊA;
  • outra entrevista exclusiva: dessa vez com o cantor e compositor mineiro VANDER LEE, por MARCELO FRÓES;
  • três análises sobre o polêmico , o recém-lançado álbum de CAETANO VELOSO, por RODRIGO SABATINELLI, LUIZ FELIPE CARNEIRO e TOM NETO.

E artigos meus sobre:

  • Carrossel, o novo CD do SKANK;
  • o relançamento de Sobre Todas As Coisas, considerado por muitos o melhor trabalho de ZIZI POSSI;
  • Perfil, a nova coletânea de DJAVAN;
  • o disco-solo de DAVID GILMOUR, voz e guitarra do PINK FLOYD;
  • Minhas Canções, disco de covers de FÁBIO JR;
  • a dobradinha CD e DVD Os Britos Cantam os Beatles.


Já nas bancas!


Ouça aqui trechos de:


P.S. : peço aos leitores mil desculpas pelo atraso na postagem dos links.



quinta-feira, outubro 05, 2006

Voto nulo, 2

Vejam só essa: pouco mais de uma semana após eu ter escrito esse post abaixo a respeito de uma certa banda de rock que manifestou publicamente a idéia do voto nulo, tenho a (desagradável) surpresa de que o posicionamento agora parte também... de uma candidata (!), parte integrante do processo democrático.

Será que essa pessoa não tem consciência de que votar nulo (embora isso, que fique bem claro, seja um direito dela) é justamente desdenhar da opinião da maioria - leia-se: uma atitude anti-democrática?

Olha, sinceramente... essa eu nem vou comentar...