sexta-feira, junho 29, 2007

Skank: nova versão de "Tão Seu"

A nova campanha publicitária do Banco do Brasil tem como trilha sonora uma versão exclusiva que o Skank gravou para o antigo hit "Tão Seu".

Originalmente lançada em O Samba Poconé, de 1996, a faixa era um ska típico, com metais - bem condizente com o "antigo estilo" da banda mineira. Já a nova gravação (bem legal, aliás) segue a cartilha adotada pelo grupo a partir de Maquinarama, de 2000: de canções propriamente ditas - com inegável influência dos sacrossantos Beatles -, sem relação alguma com ritmos jamaicanos (saiba mais sobre Carrossel, o mais recente álbum de Samuel Rosa e cia., aqui).

Bem, você não tem conta no BB (eu também não tenho) e quer baixar a música, acertei? Ah, isso não é problema: para fazer o download, não é necessário ser cliente do banco. Basta acessar o site, clicando aqui.

A capa de "Sky Blue Sky"

Muitas vezes, o engenho de um disco começa logo na capa: para quem imaginava que a arte gráfica do ótimo Sky Blue Sky, do Wilco, era um desenho, eis a revelação: trata-se de uma fotografia mesmo.

O autor é o italiano Manuel Presti, que, justamente por essa foto, foi agraciado com o Wildlife Photographer of the Year 2005, organizado anualmente pelo Natural History Museum em conjunto com a BBC Wildlife Magazine. Fonte: o próprio site da BBC.

Falando no homem...

McCartney, todo antenado, teve uma idéia inusitada: gravou uma série de comentários e, com isso, criou uma espécie de... entrevista on line. Eu explico: o internauta acessa o site, faz uma pergunta (destacando em maiúsculas a palavra-chave) e Paul - claro, desde que a resposta à referida pergunta esteja gravada no bando de dados do site - "responde".

Por exemplo: se você pedir para que ele toque "EVER PRESENT PAST" (com a grafia exatamente assim, em maiúsculas), Macca pega o violão... e toca. Se você perguntar suas bandas preferidas, ele citará Kaiser Chiefs, Razorlight, etc. Mas se você tocar nos assuntos HEATHER MILLS ou JOHN LENNON, o espertalhão diz: "Desculpe, não entendi. Próxima pergunta?"

De qualquer forma, é bem divertido o negócio. Quer conferir? É só clicar aqui. Detalhe: após fazer uma pergunta, não demore muito a fazer a próxima - senão Paul se "entedia"... e boceja.

sexta-feira, junho 22, 2007

Passado sempre presente

Em seu novo disco, Memory Almost Full, Paul McCartney fala de suas lembranças. E também da idéia de fim.


Desde o lançamento de seu último álbum de inéditas, o belo e introspectivo Chaos And Creation In The Backyard (2005), Sir Paul McCartney não viveu momentos exatamente... tranqüilos. O ex-Beatle, depois de décadas na EMI, mudou de gravadora e viu o seu divórcio virar manchetes no mundo inteiro.

Apesar das intempéries, Memory Almost Full, ironicamente, soa mais... alegre do que o seu trabalho anterior. Este é o 21º disco solo de McCartney - o primeiro pelo selo Hear Music, empreendimento que envolveu a rede de cafeterias Starbucks e a gravadora Concord Music, o que fará com que seja comercializado tanto em lojas convencionais como nas filiais da Starbucks. Também será a primeira vez em que Paul disponibilizará um CD seu em formato digital. Consta que Macca ficou insatisfeito com a divulgação de Chaos And Creation ("a EMI não fez nada pelo álbum nos EUA") - e a ele foi prometido que o mesmo não aconteceria dessa vez.

O título alude à linguagem dos computadores, mas a intenção é mais ampla. Paul refere-se à sua própria "memória", repleta de recordações alegres e tristes de uma longa vida. O próprio músico definiu o disco como "um disco muito pessoal e, em muitos momentos, retrospectivo, desenhado da memória, como lembranças de garoto, de Liverpool e verões passados. (...) Creio que isso acontece porque estou nesse ponto de minha vida, mas então penso nas vezes que compus com John - e muito daquilo também foi feito olhando para trás. É como eu mesmo em 'Penny Lane' e 'Eleanor Rigby' - ainda estou usando os mesmos truques!"

De fato: ouvintes atentos encontrarão referências (intencionais?) a vários momentos da carreira do ex-Beatle nas 13 faixas do álbum - todas inéditas. O maior potencial comercial, no entanto, reside em "Ever Present Past", que já nasce clássica. Trata-se de uma verdadeira pérola pop, daquelas que ele (autor de algumas das mais lindas melodias do mundo) sabe fazer como poucos. E que certamente deverá funcionar muito bem ao vivo.

"Dance Tonight" é uma canção simples, descontraída, marcada por um bandolim que lhe confere ares folclóricos. "See Your Sunshine" soa, desde os vocais da introdução (bem Linda McCartney, aliás), como algo do Macca circa anos 80 - tipo Pipes of Peace. "Only Mama Knows" começa com um suave arranjo de cordas. Subitamente, entram as guitarras, a cozinha rítmica - e, ao iniciar o vocal, o andamento acelera. A partir daí, temos uma faixa vigorosa, estilo "Junior's Farm".

A melódica e tristonha "You Tell Me" é estruturada ao violão de aço e cantada em falsete. "Mr. Bellamy" - um dos melhores arranjos do álbum - passeia entre o sombrio e o delicado. "Gratitude" é uma balada ao piano, com um leve sabor R&B, que mostra McCartney cantando de modo visceral, como em "Maybe I'm Amazed". Na letra, bastante pessoal, ele diz que, apesar de tudo, não quer "trancar o coração". E emociona:

Eu estava sozinho, vivendo com uma lembrança.
Mas minhas noites frias e solitárias terminaram
quando você me protegeu.

Amado por você, eu era amado por você

Quero lhe mostrar minha gratidão.

O espectro dos Beatles se faz presente, em especial, na suíte que engloba quatro músicas da segunda metade do álbum, numa inequívoca referência a Abbey Road: "Vintage Clothes" (curiosamente, uma visão crítica da nostalgia), prima de "If I Needed Someone", de George Harrison; os bons solfejos da discursiva "That Was Me" (que lembra bastante "Spinning On An Axis", de Driving Rain, 2001); "Feet In The Clouds" (impossível não pensar em "Every Night"), na qual vocoder e cordas convivem harmoniosamente; e "House of Wax", uma faixa de matizes épicos - e que apresenta um belo solo de guitarra.

"Nod Your Head", que encerra os trabalhos, é cantada de modo raivoso - ele tem a sorte de a sua voz não ter envelhecido nadinha - o que remete o ouvinte imediatamente a "I'm Down" ou "Helter Skelter".


Álbum mantém o nível do primoroso CD anterior

Já "The End Of The End" merece ser ouvida com uma atenção toda especial. Esse é o momento mais pungente de todo o álbum - e certamente um dos mais intensos de toda a carreira do baixista. Poucas vezes ele permitiu-se ser tão... autobiográfico. Depois da desilusão do fim de seu segundo casamento, Paul, aos 65 anos, talvez já consiga vislumbrar... o fim da estrada. Em versos comoventes, McCartney expõe os seus "últimos desejos". E mostra-se, inclusive, espiritualizado:

No final do final,
é o começo de uma viagem para um lugar muito melhor -
e isso não seria ruim.

Então, um lugar muito melhor teria que ser especial -

não precisa ser triste.

No dia em que eu morrer,
gostaria que piadas fossem contadas

e estórias antigas sendo roladas
como carpetes
nos quais as crianças brincaram. (...)


Produzido por David Kahne (que já trabalhou com Sublimes, Strokes e Bruce Springsteen), Memory... começou a ser concebido, na verdade, em 2003 - tendo sido interrompido para dar lugar a Chaos And Creation. E, a exemplo deste último e dos dois trabalhos anteriores - os bons Flaming Pie (1997) e o já mencionado Driving Rain - em Memory..., Paul gravou sozinho praticamente todos os instrumentos.

[Nota: consta que Nigel Godrich, o produtor do último álbum, teve peito para rejeitar várias canções que McCartney levou para o estúdio durante as gravações, o que acabou gerando atritos entre os dois. Conclusão: algumas dessas faixas do disco novo podem ser as tais em que Paul acreditava - mas que não agradaram a Godrich.]

Memory Almost Full, além de manter o nível de seu primoroso antecessor, é um trabalho absolutamente condizente com a (ímpar) trajetória do músico. E não deixa de ser admirável o fato de Paul, mesmo tendo um nome a zelar, não abrir mão de criar, de olhar para frente - ainda que esse olhar carregue uma certa... nostalgia.

Mas não seria justo culpá-lo por isso: afinal, recordações... ele deve ter de sobra.

quinta-feira, junho 14, 2007

Giancarlo Rufatto & Lo-fi Dreams: em Curitiba

Recebi hoje da minha amiga Kátia Sandrin, também jornalista, o seguinte e-mail:

"Olá, pessoal. A partir de amanhã, começo uma série de shows pelas ruas cidade de Curitiba. O plano é reunir imagens para dois clipes que serão lançados junto com um disco daqui algum tempo. Mas não é só isso: o projeto também inclui um documentário sobre a vida de algumas pessoas que sobrevivem duramente de musica pelas ruas de Curitiba. Artistas que não tem pai rico, não são filhos de fazendeiros, não moram em apartamentos de luxo. Muitos só estão ali para ter o almoço e a janta do dia. Outros ficam emocionados apenas de voce gastar minutos para com eles. Eles são os verdadeiros invisíveis e estão em todas as cidades do Brasil. Por isso, amanhã, quando voce passar por algum artista, pare um minuto, diga "como vai?". Se eles estão ali tocando a música que gostam ou a que fazem (apesar de todos os problemas que alguns possuem) é porque um dia se apaixonaram pela música - assim como eu, você, todo mundo. Amanhã, 12:00am no Terminal Guadalupe, Curitiba. Passe por ali e venha ouvir um pouco de música sobre pessoas de verdade.

Próximos shows
(datas serão confirmadas):

  • Praça Zacarias;
  • Cruzamento da Marechal Deodoro com a Marechal Floriano;
  • Show com a banda Ventosur na rua XV;
  • Acompanhando artistas da rua XV."

Bem, está dado o recado. Quem estiver em Curitiba, pode conferir o som de Giancarlo Rufatto & Lo-fi Dreams. E quem não estiver, pode visitar o My Space dos caras: http://www.myspace.com/lofidreams.

Abração. ;)