sexta-feira, agosto 31, 2007

Blog Day

Ontem, assistindo o programa Atitude.com, na TVE, tomei conhecimento do Blog Day - que é justamente hoje, 31 de agosto. E a coisa funciona da seguinte forma: cada blogueiro (ô palavrinha feia, não?) deve criar, nesse dia, um post em seu blog indicando outros cinco blogs. A intenção é fazer com que, através dessas sugestões, as pessoas venham a conhecer novos blogs. Sendo assim, vamos lá:

  • Pura Goiaba. O impagável Ruy Goiaba - atualmente mediador interino da comunidade da Bizz no Orkut, durante certo tempo foi colunista da extinta revista, na seção Pense Conosco. E seu blog - ou blogue, como ele prefere - possui enorme (e absolutamente merecida) visitação, devido aos comentários inteligentes e muito bem-humorados de Goiaba acerca dos fatos do cotidiano.
  • Diários Cinéfilos. O crítico musical Rodrigo Fernandes (aliás, colega meu no IM) é responsável pelos Diários Cinéfilos - que, a bem da verdade, não é bem um blog, e sim uma coluna do portal Adoro Cinema. Com seu estilo inconfundível, Rodrigo fala sobre os lançamentos e os clássicos da Sétima Arte.
  • Jam Sessions. Ainda que eu discorde de muita coisa que ele escreve - em especial no que diz respeito à MPB -, Jamari França é um dos mais experientes jornalistas musicais do país. E tenho respeito pelo cara. Em tempo: é necessário um cadastro simples (e-mail válido e senha) para acessar esse blog.
  • Notas Musicais. Colunista d'O Dia, Mauro Ferreira mantém um guia musical que transita por todos os estilos: MPB, pop, rock, jazz, samba, etc.
  • Cena Beatnik. Natural do município de Santa Maria (RS), o jornalista Leonardo Foletto criou um blog de música com um conteúdo sempre interessante.

Technorati tag aqui.

A estória de 'Me and Mrs. Jones'

Por limitação de espaço, não foi possível, na resenha que escrevi do CD Call Me Irresponsible, de Michael Bublé (publicada na edição de julho do IM), contar a... hã... curiosa estória da letra de “Me and Mrs. Jones”, grande sucesso de Billy Paul [foto] na década de 1970, que foi gravado por Bublé no álbum em questão.

Consta que a canção, inclusive, teria tido a sua execução proibida no Brasil durante a ditadura militar, pelo fato de narrar um relacionamento extra-conjugal - a tal “senhora Jones" é uma mulher casada, da mesma forma que o eu-lírico da letra é um sujeito compromissado.

Levando em conta a idiotia dos censores da época - em sua maioria, velhos decrépitos -, considero altamente improvável a hipótese da proibição. Veja bem: o censor, para saber a tradução da música, obviamente teria que possuir um inglês fluente, certo? E, sinceramente, você imagina um reacionário daqueles dando-se ao trabalho de aprender o idioma - certamente classificado por ele como “língua de colonizado”?

Jorge Ben (Jor?), em entrevista concedida há cerca de 15 anos atrás, contou que a sua “Eu Quero Mocotó” foi vetada durante os anos de chumbo. O motivo: “a expressão entoada no refrão trazia, provavelmente em código, alguma mensagem subversiva”. Patético, não?

Bem, aqui está a letra de “Me And Mrs Jones” e sua respectiva tradução:


Me And Mrs Jones

Written by Kenny Gamble, Leon Huff and Cary Gilbert.
A #1 hit for Billy Paul in 1972.



Me and Mrs. Jones, we got a thing going on,
We both know that it's wrong
But it's much too strong to let it cool down now.

We meet ev'ry day at the same cafe,
Six-thirty I know she'll be there,
Holding hands, making all kinds of plans
While the jukebox plays our favorite song. (...)

We gotta be extra careful
that we don't build our hopes too high
Cause she's got her own obligations and so do I. (...)

Well, it's time for us to be leaving,
It hurts so much, it hurts so much inside,
Now she'll go her way and I'll go mine,
But tomorrow we'll meet the same place, the same time.

Me and Mrs. Jones, Mrs. Jones, Mrs. Jones.



Eu e a sra. Jones

Eu e a sra. jones - há algo entre nós.
Nós sabemos que está errado
Mas é muito forte para deixar esfriar agora.

Nos encontramos todos os dias no mesmo café -
Às 6:30, eu sei, eu sei que ela estará lá.
De mãos dadas, fazemos planos
Enquanto o
jukebox toca nossa canção favorita. (...)

Precisamos ter muito cuidado
Para não elevamos nossas expectativas
Porque ela tem suas próprias obrigações
E eu também. (...)

Bem, esta é a hora de partirmos
Doí demais, doí demais no coração.
Agora ela seguirá seu caminho
E eu seguirei o meu.
Amanhã nos encontraremos no mesmo lugar - à mesma hora. (...)

Eu e a sra. jones, sra. Jones, sra. Jones, sra. Jones, sra. jones.

Caetano na Rolling Stone Brasil

A essa altura do campeonato, a cidade inteira, ao passar por uma banca de jornal, já deve ter reparado na capa da edição de agosto da Rolling Stone Brasil [foto ao lado], que traz Caetano Veloso em um visual bem andrógino, com cílios postiços. (Curiosamente, quem olha a revista de relance, na rua, tem impressão de estar vendo na foto, na verdade... o Lulu Santos. Podem observar.) A verdade é que é impossível ficar indiferente a essa capa.

E, assim, se confirma aquilo que todos já sabem (ou, pelo menos, deveriam saber): dentre todos os seus contemporâneos - e eu, particularmente, nutro grande admiração por quase todos eles -, Caetano é, de longe, o artista de maior inquietação. Aos 65 anos de idade, o compositor baiano sabe provocar, polemizar - e, assim, atrair os holofotes em sua direção.

Seu mais recente álbum é um ótimo exemplo: está longe de ser um bom trabalho. Muito pelo contrário: algumas canções soam como meros rascunhos de Caetano. Mas não há como deixar de reconhecer a ousadia da empreitada. Reflitam: qual artista da geração de Caê tomaria, em 2007, a atitude de vestir uma camisa pólo, uma calça jeans surrada e chamaria três garotos para gravar um disco que, em determinados momentos, soa como.... The Strokes?

Mesmo eventualmente discordando das coisas que ele diz, temos mais é que respeitar o cara.


...I'm alive, vivo, muito vivo...

(Caetano Veloso, 1972)

quinta-feira, agosto 16, 2007

Elvis morreu?

Será que ainda há algo para se dizer a respeito de Elvis Presley [ao lado, em foto do histórico The '68 Comeback Special], que não tenha sido dito? Falecido no dia 16 de agosto de 1977 - portanto, há exatos 30 anos - o Rei do Rock, como sempre foi chamado, jamais foi compositor (o que lhe rendeu sérios problemas de repertório), tinha um empresário calhorda e hábitos excêntricos. Contudo, era também um intérprete soberbo e um performer ímpar - com isso, sua influência foi exercida até sobre os sacrossantos Beatles. Foi o primeiro ídolo de massa da música pop mundial. E talvez o maior.

Tanto que, três décadas após o seu desaparecimento, Elvis vende mais discos do que em vida. O mito continua bem vivo.

Para mencionar a data, escolhi dois vídeos do You Tube - ambos, curiosamente, da controversa “fase Las Vegas”: “You've Lost that Lovin' Feelin'” (sucesso com The Righteous Brothers) e “Suspicious Minds”. A pergunta óbvia: por que essas duas e não clássicos que criaram a lenda de Elvis como “Heartbreak Hotel”, “Jailhouse Rock” ou “All Shook Up”? Bem, escolhi a primeira porque, quando foi feito anúncio da morte de Elvis, essa foi a música que mais tocou - eu era bem criança e, mesmo assim, lembro-me perfeitamente.

Já a segunda... escolhi por gostar mesmo.





16 anos sem Gonzaguinha

O desaparecimento de Gonzaguinha [foto] — decorrente de um acidente automobilístico ocorrido no Paraná — completou 16 anos no último 29 de abril. Não vi/ouvi na imprensa nada sobre a efeméride, provavelmente por não se tratar de uma “data redonda”. 

Prefiro crer nisso.

Autor gravado por meio mundo da MPB — de Maria Bethânia a Zizi Possi, passando por Simone, Martinho da Vila e até o Professor Cauby Peixoto — Gonzaguinha deixou uma belíssima obra, repleta de canções como “Sangrando”, “Eu Apenas Queria que Você Soubesse”, o samba “O que É O que É” (“Viver e não ter a vergonha de ser feliz./ Cantar e cantar e cantar/ a beleza de ser um eterno aprendiz”), a pop “Lindo Lago do Amor” e o bolero “Começaria Tudo Outra Vez”, entre muitas outras. Mas há uma em especial: “Feliz”, que, por sinal, obteve boa execução radiofônica no ano de seu lançamento, 1983.

Faixa de Alô, Alô Brasil — disco que traz a versão do autor para “Um Homem Também Chora (Guerreiro Menino)”, sucesso na voz de Fagner — “Feliz” tem uma letra de rara sensibilidade, mesmo falando de um tema nada original: duas pessoas que a vida tratou de separar, mas que não conseguem se desligar por completo (“Trajetórias opostas / sem jamais deixar de se olhar”). 

Impossível não se comover com versos como: “É um carinho guardado no cofre de um coração que voou; / é um afeto deixado nas veias / de um coração que ficou”. E, principalmente: “É a certeza da eterna presença / da vida que foi / na vida que vai”. 

Versos que não carecem de explicação.



Ouça Feliz

 

sábado, agosto 11, 2007

Paternidade

Deixo aqui um grande abraço para todos os pais que estiverem lendo esse post. Fazendo uso do clichê - e sem o menor temor de soar piegas -, devo dizer que a paternidade é algo verdadeiramente... sublime. Aqueles que também são pais certamente irão endossar minhas palavras.

Uma boa sugestão de filme sobre o assunto, aliás - reprisado pela TV aberta mais uma vez ontem à noite - é Uma Lição de Amor [I Am Sam], de 2001. A película conta a estória de Sam Dawson, interpretado de modo soberbo por Sean Penn (que recebeu a indicação ao Oscar de melhor ator por essa atuação), indivíduo com problemas psiquiátricos que, após ter perdido a guarda de sua filha adotiva, luta desesperadamente para recuperá-la.

Michelle Pfeiffer também está ótima no papel da advogada Rita Harrison - a quem Dawson, fã inverterado dos Beatles, chama de Lovely Rita -, que, por força das circunstâncias, acaba aceitando a causa, por diletantismo. A trilha sonora, não por acaso, é composta apenas de canções dos Fab Four que, obviamente, funcionaram muito bem na trama, mesmo sendo registradas por nomes como Rufus Wainwright, Sheryl Crow, Eddie Vedder e Ben Harper, entre outros, que respeitaram as gravações originais - e, acreditem, não estragaram tudo.

Um dos momentos mais tocantes foi quando Dawson, indagado pelo Promotor Público sobre as razões que o levavam a querer retomar a guarda da menina Lucy In the Sky, deu um exemplo da incapacidade de se explicar o amor: quando Paul McCartney começou a compor 'Michelle', ele só havia conseguido escrever os primeiros versos [nota: Michelle ma belle/ These are words that go together well/ My michelle./ Michelle ma belle/ Sont les mots qui vont très bien ensemble/ Très bien ensemble]. John Lennon criou aquela parte que diz 'I love you, I love you, I love you' e, anos depois, Paul disse que, ainda que os versos de John fossem tão simples, sem eles... a canção jamais seria a mesma.

Uma Lição de Amor é um filme comovente, capaz de emocionar até mesmo... uma árvore.


...love is all you need...

(Lennon - McCartney, 1967)

quarta-feira, agosto 01, 2007

International Magazine: edição de julho/2007


No finalzinho do mês, chegou às bancas a edição de julho do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, cujos destaques são:

  • entrevista exclusiva com os gaúchos do Cachorro Grande. Por Elias Nogueira;
  • outra entrevista exclusiva: dessa vez com a banda de reggae Ponto de Equilíbrio. Por Ricardo Schott;
  • a cobertura do show de Chico Buarque sob a lona do Circo Voador. Por Célio Albuquerque;
  • a análise do CD Dylanesque, de Bryan Ferry, focalizado na obra do ilustre bardo Robert "Bob Dylan" Zimmerman. Por J. M. Santiago;
  • a crítica do DVD Live in Glasgow, do grande Paul Rodgers. Por Rodrigo Fernandes;
  • Snakes and Arrows, o novo álbum do Rush. Por Jorge Albuquerque.

E artigos meus sobre:

  • o CD Sim, de Vanessa da Mata:
(...) "A despeito do enorme sucesso de "Ai Ai Ai" ("Se você quiser, eu vou te dar um amor desses de cinema/ não vai te faltar carinho..."), faixa de Essa Boneca Tem Manual, seu segundo álbum, muitos ainda vêem Vanessa da Mata apenas como "aquela cuja voz é uma mistura de Adriana Calcanhotto com Marisa Monte". E esses vão levar um baita susto com Sim (Sony BMG), terceiro disco da cantora mato-grossense." (...)

  • o CD Pedro Mariano, de Pedro Mariano:
"DNA de respeito, pelo menos, Pedro Mariano (que está de CD novo, epônimo, o primeiro pela Universal Music) tem: de um lado o maestro César Camargo Mariano; do outro, a maior cantora que esse país já teve (adivinha?). Se tudo dependesse apenas desse fator, o irmão de Maria Rita e João Marcelo Bôscoli mereceria melhor sorte. Trata-se de um intérprete de boa afinação e timbre agradável - embora não possua grande extensão de voz.

"Mas o fato é que, em dez anos de carreira, ele teve apenas um registro fonográfico à altura de sua árvore genealógica:
Piano e Voz (2004), gravado na companhia de seu famoso pai. Grande parte da qualidade daquele trabalho reside no fato de que, ali, Pedro procurou ser um cantor de MPB. Isso porque, via de regra, ele sofre de um mal chamado "indefinição estilística": ninguém sabe ao certo se ele quer ser cool ou imprimir swing à sua música." (...)

  • o CD Call Me Irresponsible, de Michael Bublé:
"A estratégia é simples: um cantor jovem - e que realmente canta bem - sedimenta o seu repertório entre grandes standards americanos (em especial, os de Frank Sinatra), algumas poucas canções inéditas e desprezo absoluto pela estética do rock - mas não pelos compositores do gênero (como Eric Clapton, por exemplo). Essa é a fórmula do sucesso de Michael Bublé, que estourou mundialmente em 2004 com a impecável versão de "You'll Never Find Another Love Like Mine". E o canadense chega ao seu terceiro álbum de estúdio, Call Me Irresponsible, editado pela Warner." (...)

  • o CD Long Play, de Lulu Santos:
"Durante a sua já extensa carreira, Lulu Santos já flertou com os mais diversos estilos: rock, bolero havaiano, samba pop, discothèque e afins. Tudo por "libido", como ele mesmo afirma. E várias dessas possibilidades estéticas se fazem presentes - e de maneira bastante natural - em Long Play (Som Livre), seu 21º álbum." (...)

  • o CD Stay, de Simply Red:
"Em 2005, ao lançar o refinado Simplified (no qual retoma alguns de seus sucessos, temperando-os com uma certa... hum... latinidad), Mick Hucknall, o músico que grava sob o nome Simply Red prometeu para o ano passado um projeto semelhante: Unplified, no qual outros hits seriam retomados, porém com a sua pegada característica. E não foi isso o que aconteceu. Hucknall preferiu editar (novamente pelo selo próprio simplyred.com, distribuído no Brasil pela Universal) Stay, CD de inéditas, o décimo de sua carreira. E abandonar (ou adiar) a idéia do álbum de regravações acabou sendo um mau negócio." (...)

  • o CD Língua, de Caetano Veloso:
"Às vezes, é difícil compreender os critérios das gravadoras. Tudo bem, negócios são negócios - e todos precisam sobreviver. Entretanto, no afã de auferir lucro, a indústria fonográfica quase sempre mete os pés pelas mãos. E muitas vezes acaba prestando um desserviço ao artista (por mais brilhante que ele seja) e a seu público. É justamente o caso de Língua (Universal), compilação de Caetano Veloso que apresenta apenas fonogramas gravados em idiomas estrangeiros. As duas únicas exceções são "Estranha Forma de Vida", célebre na voz de Amália Rodrigues, cantada por Caetano com convincente sotaque luso; e o rap que batiza o CD, originalmente lançado em Velô, 1984." (...)



Leia a íntegra dessas matérias - e muito mais - no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE desse mês. Já nas bancas.

Hamlet

E esse fato, imediatamente, me fez lembrar de Hamlet (favor não confundir com hamster), de William Shakespeare [foto], do qual já assisti a duas filmagens: uma de 1969, com Anthony Hopkins e Marianne "Sister Morphine" Faithfull no elenco; e a superprodução dirigida em 1996 por Kenneth Branagh - que também atuou como protagonista da película.

Por que lembrei de Hamlet? Bem, Shakespeare é aquilo, não? Certas frases contidas em suas obras fixaram-se, de modo indelével, no imaginário do planeta. E essa (proferida pelo atormentado príncipe da Dinamarca após ter tido uma visão de seu falecido pai) é uma delas:


Há mais coisas no Céu e na Terra (...)
do que sonha a tua filosofia.

[There are more things in Heaven and Earth, Horatio,
that are dreamt of than in your philosophy.]

Os "sinais"

Certa vez, li em um jornal um texto de Paulo Coelho (de quem, aliás, confesso nunca ter lido UM livro sequer na vida - para quem se interessar, estão todos aqui) que dizia algo a respeito dos "sinais" que às vezes "nos são dados por Deus em determinadas situações".

E isso jamais me saiu da memória.

Porque, mesmo respeitando o agnosticismo de quem quer que seja, o fato é que tenho fé. E isso, por si só - sem querer paulocoelhar demais -, me faz concordar com o mago no que diz respeito a esses "sinais".

Dias atrás, eu me dirigia, apreensivo, a uma situação de grande seriedade em minha vida. E, no rádio do carro, começa a tocar "One of Us", hit solitário da bela cantora americana Joan Osborne. Essa canção também já foi gravada por Prince em seu (um tanto megalômano) álbum triplo Emancipation, de 1996. Mas a melhor versão é a de Osborne mesmo.

[Nota: essa música, na época, foi banida de algumas rádios nos EUA - provavelmente administradas por carolas ridículos -, que discordaram da letra (um questionamento pertinente acerca da possibilidade de Deus estar "entre nós" e/ou ser "um de nós"). Enfim, não perceberam o óbvio: os versos referem-se ao modo como o ser humano lida com o "próximo". Ou seja: se fomos criados à imagem e semelhança d'Ele, por que Ele não poderia estar ao nosso lado na fila do mercado? E, nesse caso... de que forma O trataríamos?]

E, no exato instante que a música começou a tocar, comecei a mirabolar: "Peraí. Tantas estações de rádio no Rio de Janeiro - e cismo de ouvir justamente essa. Tantas canções no mundo - e por que está tocando precisamente essa? E justo... agora?!? Não pode ser apenas coincidência." Naquele momento, ouvir aqueles versos - "God is great, God is good" ["Deus é grande, Deus é bom"] - foi algo, por assim dizer... reconfortante. Como se alguém me dissesse "fique tranqüilo, cara; vai dar tudo certo".

E, felizmente, não deu outra.

De modo que não seria justo deixar de compartilhar essas impressões com vocês aqui no blog.

Ana Carolina: ‘Carvão’

Já que falamos em Ana Carolina: bem... nunca fui um grande fã da cantora mineira. A bem da verdade, até gosto de uma música ou outra - e, claro, impossível não reconhecer que Ana possui uma grande voz. Mas, de um modo geral, ela sempre acaba pecando em seu repertório. E, além disso - consciente da privilegiada garganta que possui -, passa a se prevalecer demais desse fator.

Só que, dias atrás, ouvi uma canção da Ana que me agradou bastante. Chama-se "Carvão" e está presente em Dois Quartos [no detalhe], seu mais recente disco. A letra é bonita, a harmonia e a melodia são muito bem-feitas e (o mais bacana de tudo) a interpretação da cantora está contida, condizente com o enfoque reflexivo que essa música pede - longe dos exibicionismos vocais que provocam a ira de seus detratores.

Outra curiosidade: "Carvão" é de autoria da própria Ana Carolina. E, na resenha do último CD de Pedro Mariano (publicada no INTERNATIONAL MAGAZINE de julho - que já está nas bancas), escrevi algo assim: "Ana Carolina, como autora, é uma cantora de grande material vocal".

Será que agora a mulher vai começar a acertar a mão?