domingo, agosto 24, 2008

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Viva La Vida’, do Coldplay


Considerando a atual pasmaceira das FMs, é um alento quando ligamos o rádio e constatamos o sucesso de uma canção verdadeiramente boa. Refiro-me a “Viva La Vida”, que integra Viva La Vida Or Death And All His Friends, quarto álbum do Coldplay. A faixa está estourada – e, até onde sei, não somente aqui no Brasil. E com toda a justiça.

A influência do U2, que jamais foi negada pela banda, é perceptível até mesmo no registro vocal de Chris Martin. Mas, colocando isso de lado, o arranjo – cortesia de Brian Eno, que produziu o disco – de “Viva La Vida” é excelente. E a letra, então...

Os versos se assemelham a um conto medieval, com imagens muito bem engendradas. Contudo, um olhar mais atento logo percebe que Martin se utilizou dessas metáforas para falar de abandono e desilusão (“Quando você se foi...”).


Confira o original da letra...


Viva la Vida
(Berryman/Buckland/Champion/Martin)

I used to rule the world
Seas would rise when I gave the word.
Now in the morning I sleep alone
Sweep the streets I used to own.

I used to roll the dice
Feel the fear in my enemy's eyes.
Listen as the crowd would sing:
"Now the old king is dead! Long live the king!"

One minute I held the key
Next the walls were closed on me
And I discovered that my castles stand
Upon pillars of salt and pillars of sand.

I hear Jerusalem bells a-ringing
Roman Cavalry choirs are singing.
Be my mirror, my sword and shield
My missionary in a foreign field.
For some reason I can't explain
Once you'd gone there was never
Never an honest word
That was when I ruled the world.

It was the wicked and wild wind
Blew down the doors to let me in.
Shattered windows and the sound of drums
People could not believe what I'd become.

Revolutionaries wait
For my head on a silver plate.
Just a puppet on a lonely string
Oh who would ever want to be king?

I hear Jerusalem bells a-ringing
Roman Cavalry choirs are singing.
Be my mirror my sword and shield
My missionary in a foreign field.
For some reason I can't explain
I know St. Peter won't call my name.
Never an honest word...

But that was when I ruled the world.


...e a sua respectiva tradução:




Viva La Vida
(Tradução)

Eu costumava reger o mundo
Mares se agitavam ao meu comando.
Agora, pela manhã, me arrasto sozinho
Varrendo as ruas em que costumava mandar.

Eu costumava jogar os dados -
Sentia o medo no olhos dos meus inimigos.
Ouvia como o povo cantava:
"Agora o velho rei está morto! Vida longa ao rei!"

Por um minuto, segurei a chave
Próximo as paredes que se fechavam pra mim.
E percebi que meu castelo estava erguido
Sobre pilares de sal e pilares de areia.

Ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da Cavalaria Romana cantando.
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Minha missionária em uma terra estrangeira.
Por um motivo que eu não sei explicar
Quando você se foi, não havia
Não havia uma palavra honesta -
Era assim, quando eu regia o mundo.

Foi o terrível e selvagem vento
Que derrubou as portas para que eu entrasse.
Janelas destruídas e o som de tambores
O povo não poderia acreditar no que me tornei.

Revolucionários esperam
Pela minha cabeça em uma bandeja de prata.
Apenas uma marionete em uma solitária corda -
Ah, quem realmente ia querer ser rei?

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da Cavalaria Romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Minha missionária em uma terra estrangeira.

Por um motivo que eu não sei explicar
Sei que São Pedro não chamará meu nome.
Nunca uma palavra honesta...

Mas isso era quando eu regia o mundo.




domingo, agosto 10, 2008

Paternidade

No Dia dos Pais do ano passado, deixei aqui no blog uma sugestão de um filme belíssimo cujo tema é a paternidade. Você pode saber do que se trata clicando aqui.

Dessa vez - em menção à data, obviamente -, tive a idéia de postar um video de uma reportagem que me comoveu bastante na primeira vez que assisti, há uns meses atrás. Através dela, é possível ter uma idéia do que um pai é capaz de fazer para ver seu filho feliz. E também o amor incondicional que um pai pode ter pelo seu filho, a despeito de quaisquer circunstâncias.

Esse video, na verdade, dispensa maiores comentários. Assista-o com atenção. E emocione-se com ele.

Um dia de muitas alegrias a todos os pais que estejam lendo essas palavras.



...meu pai sempre esteve esperando por mim...

Agora meu filho espera por mim...

Estamos vivendo...

Os nossos dias serão para sempre...


(R. Manfredini, 1996)





quinta-feira, agosto 07, 2008

Da série ‘Frases’: Antoine de Saint-Exupéry


“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”


De O Pequeno Príncipe (originalmente Le Petit Prince), de Antoine de Saint-Exupery, publicado pela primeira vez em 1943.

N. do E.: francamente - com todo respeito à memória do autor, é claro - conheço poucas frases mais... hum, fascistas do que essa. “Eternamente responsável”? O que é isso, meu povo? E se aquilo que você “cativou eternamente” já não o cativa mais? E aí, como é que fica?

‘Painted From Memory’ no Orkut

Gosto tanto desse álbum, que acabei até criando uma comunidade no Orkut sobre ele.

Lá, você encontra as letras das doze canções, comentários de pessoas que conheceram o disco e... muito mais. Entre lá e ajude a aumentar o (minguado) contingente daquele espaço.

O endereço é: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=24422203

‘Painted From Memory’ e RC: conexão improvável?

Dez anos se passaram. Mas ainda me lembro perfeitamente da (excelente) impressão que, logo nas primeiras audições, tive de Painted From Memory, álbum gravado em 1998 por Elvis Costello e Burt Bacharach [ver post abaixo].

Além do requinte musical, o disco aborda temas nada “juvenis”, como adultério (“Toledo”), divórcio (“Tears At The Birthday Party”) e afins. Pelo fato de eu ter me casado poucos meses antes, a bolacha acabou se tornando uma trilha sonora adequada para o meu ingresso na chamada “vida adulta”.

Além disso, Painted From Memory promoveu uma “reconciliação” insólita para mim. Foi através desse CD que me reaproximei da obra de... Roberto Carlos.

Minha admiração pelas canções do Rei é algo que vem de família. Contudo, em determinado momento da minha vida, acabei me distanciando um pouco do trabalho dele. E, através de Painted From Memory, concluí que o único artista no Brasil que trafegava na estética proposta por aquele disco – um crooner, na acepção da palavra, cantando love songs acompanhado por uma grande orquestra, coisa e tal – era RC.

É claro que, no quesito letra, Roberto não apresenta a mesma ironia, a mesma acidez de Elvis Costello. A narrativa do Rei é... digamos, mais doce - e mais direta. Mas, de qualquer forma, se vocês observarem bem, essa conexão não é assim tão improvável...