segunda-feira, novembro 17, 2008

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Azul e Amarelo’, de Lobão e Cazuza

Nem todos sabem que Lobão [no detalhe] e Cazuza – fãs confessos de Cartola [ver dois posts abaixo] – deram crédito ao autor de “O Sol Nascerá” em uma canção que compuseram juntos.

A faixa em questão chama-se “Azul e Amarelo” e integrava o último CD do ex-vocalista do Barão Vermelho, Burguesia, de 1989. Já o Grande Lobo a registrou em seu álbum Sob O Sol de Parador, naquele mesmo ano.

A “parceria” entre os três deu-se pelo fato de a canção citar, na letra, dois versos de “Autonomia”, do compositor mangueirense: “Mas não quero, não vou/ Não quero...”.

A gravação de Cazuza – a melhor, na modesta opinião desse vosso amigo – apresenta um doce arranjo bossa-novístico, enquanto a versão de Lobão é adornada por flautas que aludem imediatamente à sonoridade de outro mestre: Pixinguinha.




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Curiosidade: em meados de 1989, a extinta Rede Manchete exibiu um especial de Lobão em que ele cantava “Azul e Amarelo” na companhia de ninguém menos que... Paulinho da Viola. Infelizmente, não há no You Tube nenhum vídeo dessa apresentação.


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Em 1995, mencionei essa canção à falecida Dona Zica. Essa, aliás, foi a única vez em que estive pessoalmente com ela. E a viúva de Cartola, um tanto lacônica, respondeu-me: “É verdade. Recebo parte dos direitos dela, inclusive...”

sábado, novembro 15, 2008

IM - International Magazine nº 145


Atrasadíssimo, para não perder o hábito, venho trazer os destaques da edição nº 145 do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE:
  • A matéria de capa [no detalhe] desse mês focaliza a dobradinha CD/DVD Multishow Ao Vivo, do Capital Inicial. Por Marcelo Fróes;
  • Mais rock nacional: saiba tudo sobre Revolução!, a caixa comemeorativa dos 25 anos de carreira do RPM, por Emílio Pacheco; e também sobre 25 Anos de Rock, que registra, em CD e DVD, a turnê que reuniu Os Paralamas do Sucusso e Titãs, por Luiz Felipe Carneiro;
  • Veja também: os detalhes sobre o histórico CD O Trovador Solitário, que apresenta gravações caseiras deixadas por Renato Russo. Por Cláudio Dirani.

E um artigo meu sobre:

  • o DVD Pra Sempre, o primeiro da carreira solo de Cazuza:
Praticamente um ano após o lançamento da dobradinha CD/DVD Rock In Rio 1985, que registrava o antológico show do Barão Vermelho, ainda com Cazuza, naquele festival, chega às lojas o primeiro DVD da carreira solo do Exagerado. Pra Sempre Cazuza é uma parceria da Universal Music com a Globo Marcas.


“O audiovisual se divide em duas partes: as três canções que Cazuza apresentou no extinto programa “jovem” global Mixto Quente (o cartão-de-visitas “Exagerado”, a ótima “Medieval II” e “Por que a Gente é Assim?”, faixa de Maior Abandonado, o último álbum que ele gravou como vocalista do Barão); e o especial Uma Prova de Amor, exibido pela Rede Globo no finalzinho de 1988, que, no ano seguinte, virou um VHS intitulado O Tempo Não Pára. (...)”



Leia a íntegra sessas matérias - e muito mais - no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE. Nas bancas.

terça-feira, novembro 04, 2008

Os 100 anos de Cartola


No dia 11 do mês passado, Angenor de Oliveira, o Cartola, teria completado 100 anos de idade, se vivo estivesse. Homem simples, de pouca escolaridade, Cartola deixou uma obra de grande lirismo e musicalidade elaborada - apesar de ter gravado apenas quatro discos de estúdio. Sua memória é respeitada muito além dos limites do mundo do samba.

E uma boa dica para se ouvir Cartola é o tributo Bate Outra Vez [no detalhe], editado em 1988 e atualmente fora de catálogo. Com participações de artistas do calibre de Caetano Veloso (“Acontece”), Gal Costa (“As Rosas Não Falam”) e Nelson Gonçalves (“Peito Vazio”), entre outros, o disco é quase perfeito. O único porém foi o aparente desconforto de Paulo Ricardo em “Autonomia”. Mas não chegou a comprometer o resultado final do trabalho.

Destaque para as gravações de Leila Pinheiro (“Disfarça e Chora”), Luiz Melodia (“Cordas de Aço”) e o ótimo dueto de Paulinho da Viola e Elton Medeiros (“Amor Proibido”). Tente não se emocionar com a releitura angelical de “Corra e Olha o Céu” da afinadíssima Vânia Bastos, talvez a melhor faixa do CD.





Olhar, gostar só de longe
não faz ninguém chegar perto.
E o seu pranto, ó triste senhora,
vai molhar o deserto...”

(“Disfarça e Chora”, Cartola e Dalmo Casteli, 1974)



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Curiosidade: Cazuza detestava a sua releitura de “O Mundo é um Moinho” para esse álbum. Em entrevista ao Jornal do Brasil em dezembro de 1988, o compositor disparou: 

— Odeio a minha gravação. Ficou tão ruim como se o Cartola tivesse gravado um rock...




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Outra curiosidade: a exemplo do álbum Elis e Tom, conheci Bate Outra Vez, ainda em vinil, através de meu pai. Lembro com exatidão do dia em que ele chegou em casa com esse disco e pôs para tocar. Meu queixo caiu.

‘Esquerda e Direita’ ou ‘Samba do Crioulo Doido’

Chega a ser risível ouvir as pessoas, públicas ou não, afirmando com veemência que são, do ponto de vista ideológico, de direita ou de esquerda. Considerando a promiscuidade política que há no Brasil, dizer esse tipo de coisa não faz lá muito sentido.

O PT, por exemplo, era inicialmente uma sigla de esquerda, embora o presidente tenha declarado no ano passado que “nunca foi de esquerda”. Bem, melhor nem comentar. O fato é que, durante muitos anos, as posições sempre radicais do partido impediram sua chegada ao Palácio do Planalto.

Dessa forma, o PT formou, para a disputa das eleições presidenciais de 2002, uma aliança com o antigo PL* - fundado pelo falecido deputado Álvaro Valle -, partido de proposta claramente conservadora. Ou seja, de direita. Inclusive, honrando a tal aliança, o vice-presidente da República, José Alencar, era filiado ao PL.

Existem, contudo, outras situações curiosas. O PSDB, assim como o PT, possui, em seus quadros, indivíduos que, durante os chamados “anos de chumbo”, sofreram perseguições e foram exilados, tais como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual governador de São Paulo, José Serra.

E hoje, por ironia, o PSDB é aliado político justamente dos Democratas, o famoso DEM. Para quem não sabe, o DEM nada mais é do que o novo nome do PFL, que, por sua vez, era um desdobramento do PDS, a antiga ARENA - o partido dos governadores e prefeitos “biônicos” nomeados pelo governo militar.

O mais surpreendente, no entanto, foi ver, no segundo turno das eleições de 2006, as imagens do encontro entre Jorge Bornhausen, presidente do então PFL – a sigla ainda não havia mudado de nome na ocasião –, e Roberto Freire, presidente do PPS. O PPS, pasmem, é uma dissidência do PCB, o Partido Comunista do Brasil (!), também conhecido como “Partidão” .

Diante desse verdadeiro “samba do crioulo doido”, alguém aqui no Brasil ainda se arrisca em dizer que é de esquerda ou de direita?



* Em 2006, houve uma fusão do PL com o PRONA – partido fundado pelo também falecido deputado Enéas “meu nome é Enéas” Carneiro –, que acabou gerando o PR (Partido da República).

A foto da semana

Convenhamos: essa foto seria impensável há dois, três anos...