sexta-feira, julho 24, 2009

Michael Jackson: mais músicas inéditas

E por falar em Michael Jackson [no detalhe]: a necrofilia continua.

Uma semana após o site TMZ ter divulgado um trecho de uma música inédita de MJ [nota do blog: saiba mais aqui], dessa vez, o produtor e instrumentista Bryan Loren, que trabalhou com o Rei do Pop no álbum Dangerous (1991), colocou três faixas inéditas de Jackson em sua página no My Space.

Work That Body” teria sido composta por Jackson e Loren e não foi aproveitada no supracitado Dangerous. Além desta, ele disponibilizou para audição uma nova versão de “Superfly Sister” – uma das cinco faixas inéditas da (fraca) coletânea de remixes Blood on the Dance Floor –, e “To Satisfy You.

E Loren já prometeu que vai divulgar mais canções compostas por ele e Jackson nos próximos meses. Para conhecer o My Space do cara, basta clicar aqui.

Caetano Veloso e Michael Jackson


Por distração, acabei deixando de falar sobre Caetano Veloso [no detalhe] na série de posts que escrevi recentemente aqui no blog sobre Michael Jackson.

Dos artistas brasileiros, Caetano foi quem se manifestou de maneira mais sincera e contundente a respeito da morte do Rei do Pop, ao escrever o artigo “O anjo e o demônio da indústria cultural” exclusivamente para o site da revista Rolling Stone Brasil:


A notícia da morte de Michael Jackson foi um grande abalo. Cheguei ao Teatro do Sesi de Porto Alegre e ao ser informado pensei imediatamente em meus filhos Zeca e Tom. Logo Daniel Jobim me veio à mente. Ele é conhecedor e devoto de Michael desde a infância. Moreno, meu filho mais velho, que é amigo de Daniel, também dedicou afeto intenso à figura desse gênio do nosso tempo. Mas são meus filhos menores que hoje se sentem mais atraídos por seu estilo.

Como todo mundo, acompanhei Michael desde que ele era pequeno. Como todo mundo, fiquei siderado pelo cantor e dançarino de ‘Off the Wall’ e ‘Thriller’. Como todo mundo, fiquei entre fascinado, enojado e apreensivo diante das transformações físicas por que ele passou. O que quer que tenha havido entre ele e aqueles meninos cujos pais o processaram, acho-o moralmente superior a esses pais.

Michael é o anjo e o demônio da indústria cultural. A serpente do seu paraíso e seu mártir purificador. Os talentos artísticos extraordinários frequentemente coincidem com vidas torturadas e enigmáticas. Michael era um desses talentos imensos. Dançando ‘Billie Jean’ na festa da Motown ele foi sim tão grande quanto Fred Astaire: comentava o Travolta de Saturday Night Fever e o Bob Fosse do Pequeno Príncipe (este, uma influência fortíssima e evidente, que nunca vi mencionada). Vou entrar agora no palco pensando em Tom, Zeca, Moreno e Daniel - e, com um nó na garganta, no sentido da nossa atividade. Ele a representava em sua totalidade, fulgurantemente, tragicamente, divinamente.”

Por sinal, o artista baiano já havia gravado MJ duas vezes. A primeira foi no medley que reunia “Billie Jean” a “Nega Maluca” e “Eleanor Rigby”, dos Beatles, no epônimo disco de violão-e-voz que Caê gravou em Nova York em 1986, inicialmente direcionado ao mercado americano – e que foi editado no Brasil quatro anos depois.

E a segunda foi a citação de “Black Or White” na introdução da sua discursiva “Americanos”, do ótimo CD Circuladô Vivo, lançado em 1992.



Veja o vídeo do medleyNega Maluca/Billie Jean/Eleanor Rigby”, gravado no extinto programa Chico & Caetano:




E ouça “Black or White/Americanos:

terça-feira, julho 21, 2009

Roberto Carlos: meio século de reinado


Show
Itaú Brasil: Roberto Carlos – 50 anos
Data: 11 de julho de 2008
Local: Estádio do Maracanã - Rio de Janeiro


Para comemorar seus 50 anos de carreira, o Rei realiza um show histórico no Estádio do Maracanã

Cerca de 68 mil pessoas, de todas as faixas etárias, suportaram o vento frio que insistia em soprar no Estádio do Maracanã, na noite de sábado, 11 de junho. Mas por um bom motivo: tratava-se do show de comemoração aos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, cujas canções fazem parte da vida de milhões de brasileiros.

Às 21h45, o Rei entrou ao palco de maneira triunfal, dirigindo o seu Calhambeque azul, modelo 1929, devidamente reformado. Após saudar a sua orquestra e a plateia extasiada, afirmou: “É a maior emoção que já senti em minha vida estar aqui no Maracanã cantando para vocês. Quando estava lá em Cachoeiro [nota: do Itapemirim, sua cidade natal] jamais imaginei que podia viver um momento como esse”. E iniciou os trabalhos com o seu cartão-de-visitas, “Emoções”.

O repertório foi basicamente o mesmo dos shows que o cantor tem apresentado ao longo dos anos, com as músicas que seu público sempre espera ouvir, como “Outra Vez”, “Proposta”, “Café da Manhã” e, no já tradicional esquema banquinho-e-violão, “Detalhes”, entre outras.

Contudo, dada a importância da ocasião, RC incluiu canções que não costumam fazer parte de seu set list, como “Do Fundo do meu Coração”, de 1986. Repleta da “tensão” encontrada em momentos anteriores da obra do Rei – como “Sua Estupidez”, por exemplo –, a faixa é uma das melhores da segunda metade de sua carreira.

Em homenagem a seus pais, o cantor reuniu em um tocante medley que reuniu a bela “Aquela Casa Simples” a “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo” e “Lady Laura”. E até “Nossa Senhora”, há muito afastada do repertório do artista, foi relembrada, em um dos pontos altos do show.

No bloco dedicado à Jovem Guarda, Roberto, surpreendentemente, resgatou “Quando” – uma das melhores canções daquele período – e “Namoradinha de um Amigo Meu”, juntamente com “É Proibido Fumar”, “E por Isso Estou Aqui” e “Jovens Tardes de Domingo”.


Com Erasmo, o momento mais emocionante da noite

Em “Caminhoneiro” – outra que o Rei não cantava há tempos –, a chuva desabou sobre o Maracanã, o que fez com que RC paralisasse o show por cerca de dez minutos.

Já a escolha dos dois convidados foi bastante coerente: Erasmo Carlos e Wanderléa. Erasmo, por sinal, protagonizou o momento mais emocionante da noite. Após dirigir algumas palavras a Roberto através do telão, o Tremendão foi chamado ao palco. Os parceiros choraram abraçados e cantaram “Amigo” com muita dificuldade. Na sequência, já refeitos, relembraram momentos engraçados e emendaram com “Sentado à Beira do Caminho”.

Com a Ternurinha, também bastante emocionada, Roberto, como não poderia deixar de ser, cantou “Ternura”. Por fim, Erasmo juntou-se à dupla em “Eu Sou Terrível”.

Outro momento de grande emoção foi “Como É Grande O Meu Amor por Você”, cantada por um Maracanã em uníssono. Destaque também para o arranjo grandiloquente, de matizes épicos, de “Cavalgada”.

No gran finale, o estádio foi encoberto pela fumaça dos fogos de artifício, enquanto o Rei lançava rosas para sua fiel público, ao som de “Jesus Cristo”, coroando um dos melhores show de sua carreira. Um momento único, digno de um artista verdadeiramente singular.



Veja o medley que reuniu “Aquela Casa Simples”, “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo” e “Lady Laura:




E também “Amigo”, com participação de Erasmo Carlos:

RC 50: repertório


Grandes canções de Roberto Carlos [foto], de várias épocas de sua carreira, ficaram ausentes do show em comemoração aos seus 50 anos de vida artística.

Exemplos: “Se Você Pensa” [1968], “As Curvas da Estrada de Santos” [1969], “Como Vai Você” [1972], “O Portão” [1974], “Fera Ferida” [1982], “Eu te Amo Tanto” [1998] e “Amor Sem Limite” [2000], entre tantas outras.

Mas convenhamos: é impossível resumir, em uma apresentação de duas horas, uma discografia de meio século como a Roberto Carlos.



Repertório:


* Intro (instrumental)
* “Emoções” [1981]
* “Eu te Amo, te Amo, te Amo” [1968]
* “Além do Horizonte” [1974]
* “Amor Perfeito” [1986]
* “Detalhes” [1971]
* “Outra Vez” [1977]
* “Aquela Casa Simples” [1986] / “Meu Querido, meu Velho, meu Amigo” [1979] / “Lady Laura” [1978]
* “Nossa Senhora” [1993]
* “Caminhoneiro” [1984]
* “Mulher Pequena” [1993]
* “O Calhambeque” [1964]
* “Do Fundo do meu Coração” [1986]
* “Proposta” [1973]
* “Seu Corpo” [1975]
* “Os seus Botões” [1976]
* “Café da Manhã” [1978]
* “Cavalgada” [1977]
* “Amigo” (com Erasmo Carlos) [1977]
* “Sentado à Beira do Caminho” (com Erasmo Carlos) [1971]
* “Ternura” (com Wanderléa) [1965]
* “Eu Sou Terrível” (com Erasmo Carlos e Wanderléa) [1967]
* “É Proibido Fumar” [1964] / “Namoradinha de um Amigo meu” [1966] / “E por Isso Estou Aqui” [1967] / “Quando” [1967] / “Jovens Tardes de Domingo” [1977]
* “É Preciso Saber Viver” [1974]
* “Como É Grande o meu Amor por Você” [1967]
* “Jesus Cristo” [1970]

segunda-feira, julho 20, 2009

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Sentado À Beira do Caminho’, de Roberto e Erasmo



Em uma audição apressada, pode parecer que a letra de “Sentado À Beira do Caminho” retrata um indivíduo que foi abandonado.

Mas não se trata disso: os versos de Erasmo Carlos – escritos em parceria com Roberto Carlos – se referem ao fim do programa Jovem Guarda, fato que deixou o Tremendão muito deprimido na ocasião.

Curiosidade: no momento em que compunham essa faixa, Erasmo e Roberto estacionaram no primeiro verso do refrão (“Preciso acabar logo com isto...”). E não conseguiam seguir adiante. Até que RC, que havia acabado de chegar de um show, pediu a Erasmo para tirar uma soneca de meia hora.

E acordou* eufórico:

Bicho, já sei como podemos terminar esse refrão: “Preciso acabar logo com isto. / Preciso lembrar que eu existo...”

Lançada originalmente no (bom) álbum Erasmo Carlos e os Tremendões, de 1970, “Sentado À Beira do Caminho” foi regravada no álbum Erasmo Carlos Convida, de 1980, com a participação de Roberto Carlos. Para muitos, essa é a versão definitiva da canção.



* Paul McCartney também teria “sonhado” com a melodia de “Yesterday”. Certa manhã, o ex-Beatle acordou, sentou-se ao piano e a tocou melodia inteira. “Será que isso não é alguma música que eu conheço?”, perguntou-se. Detalhe: “Yesterday”, ainda sem letra, foi batizada inicialmente de “Scrambled Eggs” (ovos mexidos).




Veja o (raríssimo) clipe de “Sentado À Beira do Caminho”, com Roberto e Erasmo:


Da série ‘Perguntar não ofende’: espírito-de-porco

Aliás, perguntar não ofende: quando o sujeito é espírito-de-porco, ele estará mais propenso a contrair a gripe suína?

Gripe suína (3)

O Kibe Loco não perde a piada. E eu nem posso falar nada – afinal, também destilei humor (negro) em post do dia 02 de maio desse ano...


sexta-feira, julho 17, 2009

Michael Jackson: trecho de música inédita

Para não encher a paciência do pessoal que costuma visitar o blog, prometi que não falaria mais sobre Michael Jackson [no detalhe]. Mas não conseguirei cumprir a promessa. Pelo visto, esse assunto está longe de encerrar...

O site TMZ – o primeiro a informar a morte de MJ – divulgou ontem um trecho de uma música inédita do Rei do Pop. Intitulada “A Place With No Name”, a (boa) faixa seria uma versão da ancestral “A Horse With No Name”, do America. A semelhança entre ambas, de fato, é enorme.

Não há, contudo, informação da data dessa gravação.



Ouça “A Horse With No Name”, com America:





E “A Place With No Name”, com Michael Jackson:

Adriano: camisa 10

Ignorando solenemente o desejo da torcida – que, em votação no site oficial do clube [no detalhe], decidiu que ele deveria usar a camisa nove do Flamengo –, Adriano se apressou em dizer que queria mesmo é a dez. E acabou conseguindo: no próximo domingo, no clássico contra o Botafogo, ele já estará com ela.

O Imperador justificou sua escolha dizendo que usar a camisa que um dia pertenceu a Zico era “um sonho de infância”.

Só quero saber como ele conseguirá correr com todo aquele “peso” sobre os ombros...


Ronaldo Fenômeno: o jogador mais querido do Brasil?

Uma pesquisa realizada em todo o país apontou Ronaldo Fenômeno [no detalhe] como o jogador mais querido pelos brasileiros, com 22,68% dos votos.

Em segundo lugar, ficou Kaká com 21,18%, seguido por Ronaldinho Gaúcho (9,64%), Robinho (3,53%) e Cristiano Ronaldo (3,29%).

Em entrevista recente ao programa Bem, Amigos, do canal Sportv, Ronaldo, provocador, colocou em xeque a pesquisa que aponta o Flamengo como a maior torcida do Brasil.

Sendo assim, é o caso de perguntar: será que essa pesquisa em que o Fenômeno é tido como o “mais querido” é... crível?

terça-feira, julho 14, 2009

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Will You Be There’, de Michael Jackson


Para encerrar, por ora, o assunto Michael Jackson, eu não poderia deixar de falar sobre “Will You Be There”. A discografia de Jackson possui dezenas de canções que tiver mais sucesso do que esta. Mas isso não a torna menos especial.


Faixa de Dangerous (1991), “Will You Be There” possui uma das mais belas melodias que MJ já compôs. Some-se a isso um arranjo de inspiração... er, divina, com direito a um coral gospel.

A letra é um pedido de ajuda. Um pedido desesperado, diga-se de passagem. E cita o rio em que Jesus Cristo foi batizado por São João Batista: “Abrace-me / como o Rio Jordão / e então eu lhe direi: / você é meu amigo”.

Nas exéquias de Michael Jackson, “Will You Be There” foi cantada de maneira impecável por Jennifer Hudson e, não por acaso, emocionou não somente a plateia, mas também telespectadores no mundo inteiro.




Veja o vídeo de “Will You Be There”, com Jennifer Hudson:



E também com o autor da canção:

O ‘velório-show’ de Michael Jackson


Podemos classificar o velório de Michael Jackson – realizado na semana passada no ginásio Staples Center, Los Angeles, onde o cantor fez seu último ensaio para a turnê This Is It – como uma espécie de “missa de corpo presente sem cunho religioso”.

(Ainda que o caixão tenha entrado no local ao som de um coral gospel, e Lionel Richie, um dos artistas convidados, tenha cantado “Jesus Is Love”.)

Renato Russo provavelmente definiria o “velório-show” de MJ como uma “festa estranha com gente esquisita”: segundo a revista americana US Magazine, a maioria dos participantes não conhecia – ou pouca afinidade tinha com – o cantor.

Brooke Shields, por exemplo: a atriz de A Lagoa Azul, com todo aquele chororô no palco, não via Jackson desde 1991 (!), no casamento de Elizabeth Taylor. E o que dizer sobre o reverendo Al Sharpton, que riu durante uma discussão sobre raça com Michael Jackson em 2008?

O mesmo vale para quase todos os artistas que participaram da cerimônia: Mariah Carey (que, aliás, desafinou direto), Queen Latifah, Usher – nenhum desses era amigo pessoal do Rei do Pop.

Aliás, ironicamente, os amigos mais próximos de MJ – como o produtor Quincy Jones, a supracitada Elizabeth Taylor (que afirmou não querer se juntar a um “circo público”), o reverendo Jesse Jackson (desafeto de Joe Jackson, pai de Michael) e o ator Macaulay Culkin, entre outros – não comparecem ao funeral. Até mesmo Diana Ross, sua“madrinha artística” esteve ausente.

E, para tornar tudo ainda mais lamentável: no momento em que escrevo essas mal traçadas, Michael Jackson ainda não foi enterrado: o corpo permanece congelado em uma cripta de propriedade de Berry Gordy, fundador da Motown, à espera do resultado da autópsia – que, por sinal, foi adiado em mais duas semanas, sem que os legistas informassem o motivo.

Ou seja, nem morto ele tem sossego.


***


Para não dizer que nada se salvou, podemos destacar as atuações de John Mayer, de Jenniffer Hudson [saiba mais aqui] e, claro, de Stevie Wonder.

Mayer – apesar de nunca ter conhecido Jackson pessoalmente – tocou uma bela versão instrumental de “Human Nature”. Já Stevie Wonder, visivelmente emocionado (“Esse é um momento que nunca desejei estar vivo para presenciar”, disse ele, com a voz embargada), cantou, sozinho ao piano, um medley de “I Never Dreamed You'd Leave In Summer” e “They Won't Go When I Go”.


Veja “Human Nature”, com John Mayer:






E também o medley de “I Never Dreamed You'd Leave In Summer” e “They Won't Go When I Go”, com Stevie Wonder:



Quincy Jones: o mentor do sucesso de MJ

O renomado produtor, arranjador e compositor Quincy Jones [em foto tirada na cerimônia do Grammy de 1984, quando Thriller levou oito (!) estatuetas] – citado aqui e aqui – foi apresentado a Michael Jackson por Diana Ross.

Isso foi em 1978, durante as filmagens de The Wiz, versão de O Mágico de Oz, do qual MJ e Diana participaram. Amigo de longa data da cantora, Jones era o diretor musical do filme.

Posteriomente, Quincy Jones tornou-se o responsável pela produção dos três álbuns pelos quais o Rei do Pop será sempre lembrado: Off The Wall (1979), Thriller (1982) e Bad (1987).

Michael, entretanto, optou por não chamar Jones para produzir Dangerous (1991), o sucessor de Bad. O que talvez não tenha sido uma boa ideia: apesar de bem-sucedido, o álbum não repetiu o êxito dos anteriores.

No currículo de Quincy Jones, estão trabalhos de artistas do calibre de Frank Sinatra, Ray Charles, Aretha Franklin, e Miles Davis, entre outros.


***


Curiosidade: durante as sessões de gravação, Jones mostrou a Michael Jackson uma música então inédita, de autoria de Tommy Bahler*, que estava guardada para Frank Sinatra gravar: a belíssima “She's Out Of My Life”. Jackson concordou em incluí-la no disco.

E, mesmo sendo bastante jovem para entender a dor de um casamento destruído – tinha apenas 21 anos de idade na ocasião – MJ se “entregou” de tal forma à canção... que chorou em rigorosamente todos os takes...



* Detalhe: Tommy Bahler compôs essa faixa depois de ter sido abandonado pela sua então namorada – ninguém menos que Karen Carpenter. A cantora dos Carpenters havia descoberto que ele seria pai do filho de uma outra mulher.



Ouça “She's Out Of My Life:

Slash e Michael Jackson: colaborações


O ex Guns N'Roses Slash [no detalhe] expressou, via Twitter, o seu pesar pelo desaparecimento de Michael Jackson:

– São realmente tristes essas notícias sobre Michael. Ele foi um grande talento.

Atualmente no Audioslave, o guitarrista – a exemplo do que ocorrera com Eddie Van Halen em 1983 [nota do blog: saiba mais aqui] – foi convidado por Jackson em 1990 para participar de duas músicas do álbum que acabou sendo lançado no ano seguinte, Dangerous. Slash tocou em “Black or White” e “Give In To Me”.

Slash, inclusive, chegou a tocar “Black or White” em algumas apresentações da Dangerous World Tour, de Michael. Os dois voltaram a atuar juntos no Video Music Awards, da MTV americana, em 1992.

Em 1995, o guitarrista participou de “D. S.”, uma das faixas inéditas da coletânea dupla HIStory: Past, Present And Future. Dois anos depois, participou de “Morphine”, do álbum de remixes Blood On The Dance Floor.



Veja o vídeo de “Give In To Me:


Michael Jackson - Give In To Me (Official Music Video) - Free videos are just a click away

sábado, julho 11, 2009

‘Beat It’: o encontro de Eddie Van Halen e Michael Jackson


Logo após a notícia do falecimento de Michael Jackson, o guitarrista Eddie Van Halen [no detalhe, os dois ídolos juntos no palco] falou ao site TMZ sobre o astro do pop, com quem trabalhou no ínicio dos anos 80.

– Estou realmente chocado ao saber dessa notícia – assim como estou certo de que o mundo inteiro está. Tive o prazer de trabalhar com Michael em “Beat It”, em 1982, e essa é uma das melhores recordações de minha carreira. Michael fará falta. Que ele descanse em paz.

O líder do Van Halen contou histórias dos bastidores dessa gravação ao site Brave Words:

– Eu tinha este velho sistema de telefone no estúdio. O telefone tocou, atendi e tinha aquela voz dizendo: ‘Yo, Eddie? É o Eddie?’. Havia muito chiado, coisas desse tipo. Respondi: ‘Sim, quem é?’. Mas, obviamente, a pessoa não conseguia me ouvir. Então, desliguei, pensando que era um fã. O telefone tocou novamente, e a mesma voz disse: ‘Ei, Eddie!’. Então, dessa vez gritei ‘Imbecil!’, e desliguei. O telefone tocou pela terceira vez. ‘Ei, Eddie, aqui é Quincy Jones’. Nunca me senti tão envergonhado.

O exímio guitarrista prosseguiu:

– Naquela época, certas pessoas na banda não gostavam que eu fizesse coisas fora do grupo. Mas Roth [David Lee Roth, vocalista do Van Halen] estava na Amazônia ou em algum outro lugar; Mike [Michael Anthony, baixista] estava na Disneylândia; Al [Alex Van Halen, baterista e irmão de Eddie] estava no Canadá, ou algo do tipo; e eu estava em casa, sozinho. Então, pensei: ‘Bem, eles nunca saberão. Sério: quem vai saber que eu toquei no disco de um cara negro?’ Michael me disse: ‘Amo essa música alta e rápida que você faz’.

E concluiu:

– Toquei dois solos e disse: ‘Caras, peguem o que vocês quiserem’. Foram apenas vinte minutos do meu dia, fiz isso de graça e depois todos ficavam me dizendo: ‘Você deveria ter algum royalty naquela música’. Mas isso não importa, pois Quincy Jones escreveu para mim uma carta de agradecimento, e assinou ‘O Imbecil’. Eu a emoldurei. Clássico.

Detalhe: “Beat It” chegou às paradas no dia 12 de março de 1983, permanecendo por 15 semanas e alcançando o 1º lugar nos EUA, Países Baixos e Espanha; 2º lugar na Suíça; e 3º lugar no Reino Unido.


***


Ah, sim: somente o inconfundível solo de “Beat It” foi gravado por Eddie Van Halen. As demais guitarras foram executadas por Steve Lukather, mais conhecido por seu trabalho com o grupo Toto.


Veja o clipe de “Beat It:



Veja também o vídeo que apresenta somente os canais de aúdio das guitarras de Steve Lukather e Eddie Van Halen. Uma verdadeira aula:



E confira o vídeo que destaca o inconfundível solo de Eddie:

sexta-feira, julho 10, 2009

Paul McCartney e Michael Jackson: relações cortadas


O Rei do Pop e o ex-Beatle não se falavam há quase vinte e cinco anos. Saiba por quê

Paul McCartney não deixou de se manifestar publicamente por ocasião da morte de Michael Jackson:

– Minhas memórias são de seu grande senso de humor e como nós brincávamos e dávamos risadas juntos. Minha família manda as mais sinceras condolências e, assim como eles, sabemos que o talento de Michael nunca será esquecido.

O que nem todos sabem é que o Macca e MJ não se falavam há vinte e quatro anos.

Após algumas colaborações, os dois artistas ficaram amigos – a despeito da diferença etária entre ambos. E, em um determinado momento, McCartney aconselhou Michael a investir nos direitos autorais de canções famosas [nota do blog: falei sobre isso aqui]. Jackson saiu-se com essa:

– Vou comprar as suas músicas.

A princípio, Paul pensou que se tratava de uma brincadeira de Michael, como relatou em entrevista concedida ao jornalista e apresentador britânico David Frost em 1997.

– Não levei a sério o que ele havia dito. Tempos depois, quando soube que ele realmente havia feito isso, fiquei perplexo. Tentei falar com ele – até mesmo para fazer uma contra-proposta. Mas ele havia trocado todos os telefones...

McCartney franziu a testa. E completou:

– Posso dizer que passei a não gostar muito dele depois disso.


‘Sempre que quero tocar ‘Hey Jude’, preciso pagar’

Em 1985, Michael Jackson adquiriu a Northern Songs – editora que detém todo o catálogo dos Beatles – por US$ 47,5 milhões. Paul ficou furioso. E jamais escondeu isso:

– A coisa mais chata é ter de pagar para tocar algumas de minhas próprias músicas. Cada vez que quero tocar ‘Hey Jude’, preciso pagar.

Em janeiro desse ano, o tabloide inglês The Mirror noticiou que MJ gostaria de se reaproximar de McCartney. Para isso, pretendia deixar para Paul, em testamento, os direitos autorais sobre o catálogo dos Fab Four. De acordo com o jornal, pessoas próximas a Jackson afirmaram que ele sempre lamentou sua briga com o ex-Beatle.

Entretanto, o testamento de Jackson – redigido em 2002 – foi divulgado uma semana após a sua morte. Paul não foi citado no documento. E, em nota publicada em seu site oficial, parecia conformado com isso:

– Meses atrás, a mídia veio com a ideia de que Michael Jackson iria deixar, em testamento, a sua parte das canções dos Beatles para mim – o que foi uma invenção completa, na qual não acreditei nem por um segundo.

Em 1995, Jackson vendeu de 50% do catálogo para a Sony. Há cerca de dois anos, a imprensa afirmou que o cantor – que lucrava, por ano, cerca de 40 milhões de euros (cerca de R$ 129,5 milhões) com os direitos pelas músicas – provavelmente venderia a metade restante à gravadora, por conta de suas dívidas milionárias com fundos de empréstimos.

Há três anos, a parte de Jackson estava avaliada em torno de US$ 1 bilhão (R$ 6,3 bilhões). Mesmo encalacrado em dívidas, o cantor conseguiu manter o catálogo – assim como o rancho Neverland, que quase foi a leilão no início deste ano.

A parceria entre Michael Jackson e Paul McCartney

Durante uma festa em Hollywood, em meados da década de 1970, Paul McCartney revelou a Michael Jackson que havia composto uma canção pensando no estilo dele. Era “Girlfriend”. Contudo, o próprio Paul acabaria registrando a faixa em London Town, disco que o Wings lançou em 1978.

No ano seguinte, Jackson estava gravando Off The Wall, seu primeiro álbum pela gravadora Epic, sob a batuta do experiente produtor Quincy Jones. E, por uma incrível coincidência, Jones sugeriu a MJ que gravasse “Girlfriend” – sem imaginar que a música foi escrita originalmente para ele (!).

No trabalho que sucedeu Off The Wall, o arrasa-quarteirão Thriller (1982), Jackson e McCartney gravaram o dueto* “The Girl Is Mine”. No ano seguinte, os dois artistas colaboraram novamente em “Say Say Say” e “The Man” [saiba mais aqui], ambas de Pipes of Peace (1983), do ex-Beatle.



* É espantosa a semelhança da “proposta” de “The Girl Is Mine” e “Tereza da Praia”: as duas retratam sujeitos que gostam da mesma mulher se “alfinetando”. Considerando que Antônio Carlos Jobim e Billy Blanco compuseram “Tereza da Praia” em 1954 – e também a notoriedade de Jobim nos EUA –, não é absurda a hipótese de Jackson e McCartney terem se inspirado nessa canção...




Ouça “Girlfriend:




Ouça “The Girl is Mine:




E veja o divertido vídeo de “Say, Say, Say”, onde Paul McCartney e Michael Jackson interpretam os simpáticos vigaristas Mack e Jack:

quarta-feira, julho 08, 2009

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘The Man’, de Paul McCartney e Michael Jackson


The Man” é uma canção pela qual sempre tive grande apreço, desde garoto. Não por acaso, consigo ouví-la com alguma frequência até os dias de hoje nas chamadas “FMs adultas”. E jamais fico indiferente quando isso acontece.

Lançada no álbum Pipes of Peace (1983), de Paul McCartney, a canção, além da boa melodia, possui também um arranjo primoroso – que mistura flautas, cordas e violões a um eficiente riff de guitarra na introdução –, produzido por Sir George Martin. Sem contar a perfeita interação entre as vozes de McCartney e Michael Jackson.

E há os curiosos versos “I'm alive / and I'm here forever [Estou vivo /e estou aqui, para sempre]”. Impossível saber se Michael Jackson pensou na “imortalidade” do “mito” no momento em que escreveu essas palavras.

Mas que esses versos adquiriram um outro significado após o desaparecimento do artista, não resta a menor dúvida...


O melhor de Michael Jackson

Se eu decidisse montar um CD com as minhas canções prediletas de Michael Jackson para ouvir no carro – e é bem provável que eu ainda faça isso –, o repertório teria grande semelhança com o disco 1 da (boa) compilação dupla HIStory: Past, Present and Future (1995) [no detalhe], mas com algumas alterações não somente de faixas, como também na ordem das mesmas.

Ficaria assim:

* Rock With You [Off The Wall, 1979]
* Don't Stop Till Get Enough [Off The Wall, 1979]
* Somebody's Watching Me [Somebody's Watching Me, de Rockwell*, com participação de Michael Jackson]
* The Man [Pipes of Peace, de Paul McCartney, 1983
* The Girl Is Mine [Thriller, 1982]
* Human Nature [Thriller, 1982]
* Billie Jean [Thriller, 1982]
* Beat It [Thriller, 1982]
* Black Or White [Dangerous, 1991]
* Heal The World [Dangerous, 1991]
* Man In The Mirror [Bad, 1987]
* She's Out Of My Life [Off The Wall, 1979]
* I Just Can't Stop Lovin' You [Bad, 1987]
* Will You Be There [Dangerous, 1991]
* You Are Not Alone [HIStory: Past, Present and Future, 1995]


Os 700 megabytes de um CD-R ficariam totalmente preenchidos. E ainda ficariam de fora “The Way You Make Me Feel”, “Smooth Criminal”, “Bad”, “Remember The Time”, “Say Say Say”, “Dirty Diana”, e até (pasmem) “Thriller”, entre outras.

Em suma, Michael Jackson possuía uma respeitável coleção de hits. Dá até para pensar em um outro CD...



* Para quem não sabe, o nome verdadeiro de Rockwell é Kenneth Gordy - ele é filho de ninguém menos que Berry Gordy, o fundador da Motown. “Somebody's Watching Me” é um dos seus dois únicos sucessos. O outro é a infalível balada “Knife”.

O melhor de Michael Jackson (2)


Já o período em que MJ fez parte do Jackson 5/The Jacksons renderia um outro CD, juntamente com os sucessos solos de sua fase Motown – ou seja, antes de Michael assinar com a gravadora Epic.

A partir de Off The Wall (seu primeiro trabalho na Epic), ele abandonou o romantismo juvenil, um tanto ingênuo, e tornou-se um outro artista...


* One Day In Your Life [Forever, Michael, 1975]
* Happy (Love Theme from Lady Sings The Blues) [Music And Me, 1973]
* Ain't no Sunshine [Got To Be There, 1972]
* Got To Be There [Got To Be There, 1972]
* Ben [Ben, 1972]
* Music And Me [Music And Me, 1973]
* I'll Be There [Third Album, The Jackson 5, 1970]
* Never Can Say Goodbye [Maybe Tomorrow, The Jackson 5, 1971]
* I Wanna Be Where You Are [Got To Be There, 1972]
* I Want You Back [Diana Ross Presents The Jackson 5, The Jackson 5, 1969]