domingo, outubro 31, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Tudo Azul’, de Lulu Santos

Faixa-título do (ótimo) álbum que Lulu Santos editou em 1984, “Tudo Azul” foi regravada na recém-lançada dobradinha CD/DVD Lulu Acústico MTV II [no detalhe, a capa].

Parceria do compositor e guitarrista carioca com Nelson Motta – que escreveu a letra –, a canção agora ressurge mais brasileira do que nunca.

Em breve, a resenha Lulu Acústico MTV II aqui no TomNeto.com.

Nós somos muitos. Não somos fracos.
Somos sozinhos nessa multidão.
Nós somos só um coração
Sangrando pelo sonho de viver.”



terça-feira, outubro 19, 2010

Chico Buarque: como eleitor, um ótimo compositor


Ontem, artistas e intelectuais compareceram ao Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, para manifestar apoio à candidatura da “invenção” eleitoral que atende pelo nome Dilma Rousseff. Inclusive, o sr. Chico Buarque de Hollanda [em foto de Monique Cardone, do R7, Rio de Janeiro]:

— Venho aqui reiterar meu apoio entusiasmado à campanha da Dilma. A forma de governar de Lula é diferente. Ele não fala fino com Washington, nem fala grosso com Bolívia e Paraguai. Por isso, é ouvido e respeitado no mundo todo. Nunca houve na História do país algo assim.

“A forma de governar de Lula é diferente”? Ué, mas o Lula é candidato? Ninguém me avisou. “Nunca houve na História do país algo assim”? Ih, mais um que pensa que o Brasil foi fundado em 2003...

Bem, Chico tem todo o direito se posicionar politicamente. Afinal, ao contrário de Cuba* – país pelo qual o artista nutre tamanha simpatia –, vivemos em uma democracia.

Pelo menos, por enquanto...

Todavia, é espantoso que o autor de “Apesar de Você” não se envergonhe de emprestar o seu (enorme) prestígio a uma candidata deste calibre. Sobre Dilma, não há mais nada a ser dito: sua biografia – que é de conhecimento de todos –, seus pronunciamentos – verdadeiros atentados à Gramática – e a fragilidade de suas opiniões falam por si.

Decididamente, como eleitor, Chico Buarque continua sendo um de nossos melhores compositores.



* Será que, lá em Havana, Chico conseguiria ter um campo de futebol, para bater uma bolinha com o seu Polytheama?

Chico Buarque, o ‘engajado’


Ontem, no Teatro Oi Casa Grande, Chico Buarque [foto] falou em “apoio entusiasmado” à candidatura Dilma Rousseff. O que, imediatamente, fez com que viesse à minha mente um trecho de sua biografia, o qual transcrevo:


“Certo dia, em pleno regime militar, ano 1968, toca o telefone na casa de Chico. Do outro lado, uma voz misteriosa de mulher: ‘Chico? É Mariinha’. A
voz convoca o compositor: ‘Reunião amanhã aqui em casa com o príncipe russo’. Príncipe russo? Mariinha? Chico fica intrigado. Que diabos de príncipe russo?! Aí, decifra o enigma e exclama, feliz com a própria esperteza: ‘Ah, o Wladimir! Matei a charada, Tônia!’ Do outro lado, Tônia Carrero dá-lhe uma bronca: ‘Pô, Chico, não era pra falar’.

A convocação sigilosa era para uma reunião clandestina com Wladimir Palmeira, mas Chico não levava mesmo jeito para a coisa. Distraído, frequentava reuniões políticas por um dever acima de sua vontade. Nessa época, participava ligeiramente desses encontros, e estava longe se ser o artista mais engajado. ‘Havia muitos que eram mais participantes do que eu’. Não estava alienado aos acontecimentos, mas não tinha maiores entusiasmos”.

(“Perfis do Rio: Chico Buarque”, Regina Zappa, Editora Relume-Dumará, 1999, páginas 89-90)


Resta a dúvida: será que Chico está verdadeiramente imbuído do alardeado... “entusiasmo”? Ou a sua adesão ao evento teria sido apenas mais... “um dever acima de sua vontade”?

É estranho imaginar que o perfil descrito acima é, de fato, do autor de letras de contundentes críticas sociais como “Cálice”, “Deus Lhe Pague” e “Vai Passar”, entre outras.

terça-feira, outubro 12, 2010

Da série São Bonitas as Canções: ‘Aquarela’, de Toquinho


Embora tantos anos tenham se passado, jamais esqueci de uma propaganda da Faber-Castell, cuja música-tema era a magistral “Aquarela”, de Toquinho, que se fazia ouvir pela delicada voz de uma criança.

No desenrolar do anúncio, a (irretocável) letra da canção – originalmente italiana, cuja versão foi escrita a quatro mãos com Vinícius de Moraes – era “ilustrada” através de “desenhos” feitos por mãos infantis: “Numa folha qualquer, desenho um sol amarelo...”.

Não gostaria de soar piegas, mas aquilo era de uma singeleza... devastadora.

Considero “Aquarela” uma das dez mais belas canções brasileiras. Se falarmos em temática infantil, é provavelmente a campeã, ao lado de “O Caderno” – curiosamente, também de Toquinho –, na voz de Chico Buarque.

Apesar do respeito que sempre nutri pelo grande autor e violonista Toquinho, curiosamente, não possuo em casa este fonograma. O que faz com que todas as esporádicas vezes em que ouço a canção – geralmente, no rádio, ao volante –, meus olhos fiquem, como diriam os antigos, “rasos d'água”.

Na última vez, inclusive – foi este ano –, meu filho estava comigo no carro. E, após aumentar o volume, exclamei, entusiasmado:

— Filho, olha que música bonita! Preste atenção nessa letra.

Os seus nove anos de idade não permitiriam captar toda a essência daqueles versos. Mas, para mim, foi a mais tocante de todas as audições de “Aquarela” de minha vida. Pelo simples fato de que, somente naquele momento, me dei conta de que, a exemplo de todos os meninos do planeta, meu filho, ao meu lado, também estava sendo “retratado” na canção.

Um menino caminha
E, caminhando chega num muro.
E ali, logo em frente,
A esperar pela gente
O futuro está.

Ao final, ele deu o seu veredito. Positivo, claro:

— É, a música é bonita mesmo, hein, pai?


***


Existem clichês dos quais não podemos/conseguimos fugir. Um deles é aquele que diz que “todo adulto tem uma criança dentro de si”. É verdade.

E cada vez que um adulto, seja qual for a sua idade, faz uma brincadeira, ou simplesmente dá uma risada, a criança que o habita... vê a luz do dia. Fica a dica deste vosso amigo: permitam que essa criança que mora dentro de vocês “pinte o sete” mais e mais vezes.

Um feliz Dia das Crianças. Para as pequenas. E para as grandes também.



Veja o vídeo da mencionada propaganda da Faber-Castell
:




E ouça, na íntegra, a gravação de Toquinho
:

Da série São Bonitas as Canções: ‘O Caderno’, com Chico Buarque


...ao lado de ‘O Caderno’ – curiosamente, também de Toquinho –, na voz de Chico Buarque.”


Parceria de Toquinho com Mutinho, a versão de “O Caderno” que conta com a participação de Chico Buarque foi lançada no álbum Casa de Brinquedo, de 1983 – curiosamente, o mesmo ano em que era veiculado o anúncio da Faber-Castell em que tocava “Aquarela”...


Da série São Bonitas as Canções: ‘Bola de Meia, Bola de Gude’, com 14 Bis

Ainda sobre o universo infantil: outra fantástica canção que fala sobre criança – ainda que através de metáforas – é “Bola de Meia, Bola de Gude”, primorosa letra de Fernando Brant, musicada por este gênio da raça chamado Milton Nascimento.

Sobre estes versos, não há o que mais nada o que dizer: a música simplesmente fala por si.

Ilustrando o post, a capa de O Menino Maluquinho – quem não leu este livro? – de Ziraldo.



Ouça a versão do 14 Bis para “Bola de Meia, Bola de Gude”, com participação de Samuel Rosa, do Skank. À guisa de curiosidade: o vídeo apresenta cenas do clássico
The Kid (1921), de Charles Chaplin.

terça-feira, outubro 05, 2010

Da série ‘Música Clássica não é chata’: ‘Movimento de Primavera’, de Alexandre Guerra


Para saudar a chegada da “estação das flores”: “Movimento de Primavera”, de Alexandre Guerra [http://www.alexandreguerra.com.br/]. Uma melodia estupenda, que não necessita de uma única sílaba... para tocar profundamente o coração do ouvinte.

Movimento de Primavera” integrou a trilha lounge da novela Páginas da Vida.

Da série ‘Perguntar não ofende’: você compraria um carro usado de Ciro Gomes?

Integrante da chamada “tropa de choque” de Dilma Rousseff para o segundo turno das eleições presidenciais, Ciro Gomes, como de praxe, alfinetou José Serra, de acordo com a reportagem de hoje do O Globo On Line:

— Os marqueteiros tentam atenuar, com o slogan [nota do blog: “Serra é do bem”], o que é a evidência oposta, porque todo mundo sabe que o Serra é do mal. E eu sei mais do que ninguém.

O (observem o eufemismo) desmemoriado deputado deveria se lembrar do que afirmou, em abril deste ano, segundo o jornal O Estado de São Paulo e o Blog do Noblat:

— Minha sensação agora é a de que o Serra vai ganhar esta eleição. Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais preparado, mais legítimo, mais capaz. Mais capaz, inclusive, de trair o conservadorismo e enfrentar a crise que conheceremos em um ou dois anos.

Seguindo a... er, peculiar linha de raciocínio de Ciro, mais vale apoiar uma candidata com inferior capacidade administrativa, pelo simples fato de ela ser, em tese, uma pessoa... “melhor”?

Perguntar não ofende: você compraria um carro usado de Ciro Gomes? Cartas para a redação.


segunda-feira, outubro 04, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Rainy Days and Mondays’, dos Carpenters


Hoje, se vivo fosse, meu pai completaria 60 anos de idade. Em sua memória, postarei uma canção de uma dupla que ele adorava – e que demorei doze anos (!) para... conseguir ouvir novamente: The Carpenters [no detalhe].

A explicação para tamanho hiato é que – somadas às recordações familiares, claro – a música dos irmãos americanos me comove mais do que a de qualquer outro artista. Mais do que a de Roberto Carlos. Mais do que a dos Beatles.

A doce voz de Karen Carpenter (1950 – 1983) é, na minha modesta opinião, um dos mais belos sons já produzidos pelo ser humano.


***


Em julho de 2009, citei Karen Carpenter no post em que falei sobre o maestro Quincy Jones. A canção “She's Out Of My Life”, gravada por Michael Jackson em Off The Wall – álbum produzido por Jones – foi escrita por Tommy Bahler para a cantora, que havia sido sua namorada...


***


Por coincidência ou não, hoje – como diz o título da canção – foi um “dia chuvoso”. E também uma segunda-feira...

sábado, outubro 02, 2010

Eleições 2010: reflita antes de votar


O PT, sendo um dos maiores partidos deste País – e, sobretudo, sendo situação –, tinha todo o direito de lançar candidatura própria para a sucessão presidencial.

Entretanto, tinha também o dever de respeitar a boa-fé que a população – especialmente a menos esclarecida – depositou no presidente Lula. E, sendo assim, deveria ter escolhido uma candidata, sob todos os aspectos, mais apta para a importância do cargo em questão.

Do contrário, fica a triste impressão de que o partido deseja simplesmente... permanecer no poder. Para, entre outros motivos, continuar aparelhando o Estado e beneficiando os “companheiros”. Afinal, “nunca antes na História deste País” – como o presidente gosta de repetir, como um mantra – tantos cargos de confiança foram criados. “Nunca antes na História deste País” a máquina administrativa esteve tão inchada.

Detalhe: quem está dizendo isso é um cidadão que, ingenuamente, votou no PT inúmeras vezes.

Caros leitores, assistam, por obséquio, aos vídeos abaixo. E reflitam se é realmente isto que o Brasil merece. Se, pelo menos, uma única pessoa conseguir enxergar a fraude que é tão evidente... já me darei por satisfeito.

Ainda que esta afirmativa soe clichê, pensem na seriedade da decisão a ser tomada amanhã, dia 03. A Nação agradece.


Puxa, quanta “eloquência”...





Qual ser humano na face da Terra é capaz de esquecer o título (!) de um livro que acabou de ler?





Bem... Mas, pelo menos, ela tem cabos eleitorais “de peso”, sem dúvida alguma...





Para encerrar, um verdadeiro show de contradições...