Faixa de War (1983), o terceiro álbum do U2 [acima], a pungente “New Year's Day” é, sem dúvida, um dos maiores clássicos da banda irlandesa. E arrebata plateias até os dias de hoje.
A princípio, a intenção de Bono era compor uma canção de amor. Contudo, a letra foi adquirindo uma conotação política e tornou-se uma homenagem ao movimento Solidariedade, liderado pelo sindicalista Lech Wałęsa [no detalhe]. Em 1990, Wałęsa tornou-se o primeiro presidente eleito da Polônia, após a derrocada do comunismo. Antes disso, em 1983, ganhou o prêmio Nobel da Paz.
Curiosidade: foi justamente de um verso de “New Year's Day” que o U2 batizou o seu primeiro disco ao vivo, Under A Blood Red Sky (“Sob um Céu Vermelho-sangue”), de 1984.
***
E esta canção é a minha mensagem de Ano Novo para todas as pessoas que visitam este espaço e, mesmo silenciosamente, demonstram interesse pelo que escrevo.
Agradeço, sincera e humildemente, pela atenção e pelo respeito de cada um de vocês. Um 2011 de muita saúde e paz para todos.
Lançada originalmente em um single no ano de 1971, a comovente “Happy Xmas”, de John Lennon [no detalhe, com sua... er, fiel escudeira, Yoko Ono] foi composta, a princípio, como um protesto contra Guerra do Vietnã. Não por acaso, o subtítulo da canção é “War Is Over” (“A Guerra Acabou”).
E mesmo o fim do conflito não fez com a que a faixa perdesse a relevância. Muito pelo contrário: é considerada uma das mais belas canções canções natalinas – senão a mais bela – que o pop já gerou. Um verdadeiro libelo pela igualdade entre os homens.
Ainda que, se vocês observarem bem, não fale em Deus em momento algum...
Vale destacar também a participação das crianças do Harlem Community Choir, que fizeram toda a diferença na canção – embora a letra, a despeito de sua simplicidade, seja brilhante.
Que o espírito do Natal esteja no coração de cada um de vocês.
“Happy Xmas (War Is Over)” John Lennon
(Happy Xmas, Kyoko Happy Xmas, Julian)
So this is Christmas And what have you done? Another year over And a new one just begun.
And so this is Christmas I hope you'll have fun. The near and the dear one The old and the young.
A very Merry Christmas And a happy New Year. Let's hope it's a good one Without any fear.
And, so this is Christmas For weak and for strong For rich and the poor ones The world is so wrong. And so happy Christmas For black and for white For yellow and red ones Let's stop all the fight.
A very Merry Christmas And a happy New Year. Let's hope it's a good one Without any fear.
And so this is Christmas And what have we done? Another year over A new one just begun. And, so happy Christmas We hope you have fun The near and the dear one The old and the young.
A very Merry Christmas And a happy New Year Let's hope it's a good one Without any fear.
War is over, if you want it War is over, now.
Happy Christmas.
“Feliz Natal (A Guerra Acabou)” (Tradução: Tom Neto)
(Feliz Natal, Kyoko Feliz Natal, Julian)
Então, é Natal E o que você fez? Outro ano se vai, E um novo começa.
E então é Natal Eu espero que você se divirta. As pessoas próximas e queridas, Os idosos e os jovens.
Um Natal muito feliz, E um feliz Ano Novo. Esperemos que seja um bom ano Sem nenhum temor.
E então é Natal Para os fracos e para os fortes Para os ricos e para os pobres O mundo está tão errado. E então, Feliz Natal Para negros e brancos Para asiáticos e indígenas Vamos parar todos os conflitos.
Um Natal muito feliz E um feliz Ano Novo Esperemos que seja um bom ano Sem nenhum temor.
E então é Natal E o que nós fizemos? Outro ano se vai E um novo começa. E então Feliz Natal Nós esperamos que você se divirta As pessoas próximas e queridas Os idosos e os jovens
Um Natal muito feliz E um feliz Ano Novo Esperemos que seja um bom ano Sem nenhum temor.
A guerra acabou Se você quiser. A guerra acabou, Agora.
Exatos 30 anos após o precoce desaparecimento de John Lennon [no detalhe], aos 40 anos de idade, todos os pormenores da vida do ex-Beatle já foram amplamente destrinchados. Sua infância sofrida. Seu temperamento difícil. Sua (nada discreta) relação com a esposa, Yoko Ono. Seu ativismo político. Seu brutal assassinato. E, principalmente, seu inestimável legado artístico.
Sendo assim, só nos resta, mais uma vez... homenagear a sua memória.
“Quem souber dizer a exata explicação, me diz como pode acontecer? Um simples canalha mata um rei... Em menos de um segundo...”
(“Canção do Novo Mundo”, Beto Guedes e Ronaldo Bastos)
‘Nobody Told Me’, do álbum póstumo Milk and Honey, de 1984.
‘Instant Karma!’, seu terceiro single solo, editado em 1970. Foi composta e gravada no mesmo dia. E chegou às lojas apenas dez dias (!) depois...
‘Look at Me’, de primeiro álbum lançado por John após o fim dos Beatles, Plastic Ono Band, de 1970.
‘Jealous Guy’, de seu segundo álbum pós-Fab Four, Imagine, de 1971.
‘Oh My Love’, também de Imagine. Como podem perceber, a faixa tem a participação de George Harrison, na guitarra.
A faixa citada no post acima é a tocante “Canção do Novo Mundo”, letra de Ronaldo Bastos, musicada por Beto Guedes [no detalhe], e gravada por este.
Originalmente lançada no álbum Contos de Lua Vaga, de 1981 – e também registrada por Milton Nascimento em seu Ao Vivo, de 1983 –, “Canção do Novo Mundo” claramente homenageia John Lennon. E lamenta o seu falecimento: “Oh, minha estrela amiga / por que você não fez a bala parar?”
***
Só para constar: Beto Guedes é um dos artistas brasileiros que mais respeito e admiro. Suas canções, na minha modéstia opinião, são a mais nítida “fotografia sonora” das Minas Gerais que tanto amo – mesmo sendo carioca de pai e mãe.
Cantor rebobina mais sucessos e ‘lados B’ em novo especial da MTV
Em 2000, Lulu Santos quebrou um paradigma com o seu Acústico MTV: eram tantos hits que, pela primeira vez na série, um artista mereceu – além do habitual DVD – um CD duplo com o registro de sua apresentação. E o compositor carioca permaneceu como o detentor solitário da façanha até 2002, quando Jorge Ben Jor recebeu a mesma deferência. Passados exatos dez anos, Lulu volta à carga com Lulu Acústico MTV II, que chega às prateleiras em CD – desta vez, simples – e DVD, realizado de forma independente, com distribuição via Universal Music.
Impossível não ceder à tentação de relacionar o Acústico atual com o anterior – dadas as suas diferenças e semelhanças. Para começo de conversa, o cantor dispensou o tradicional “banquinho”, permanecendo de pé durante toda a apresentação. E, sem repetir uma música sequer do especial da década passada, desfiou sucessos como “Um Pro Outro”, “Minha Vida” e a bela “Papo Cabeça”, e bons “lados B” como “Pra Você Parar”, “Brumário”, “Dinossauros do Rock” e a sentida “Auto Estima”, que fecha os trabalhos.
Além do talento como hitmaker, Lulu Santos, em comparação aos seus congêneres/contemporâneos, tem um trunfo: a enorme facilidade em reinventar a si próprio e ao seu cancioneiro, a todo momento. Isso fica claro em “Tudo Azul”, faixa-título de seu bem-sucedido álbum de 1984, que ressurge mais brasileira do que nunca. O mesmo vale para “Vale de Lágrimas”, de 2005 – uma de suas melhores canções recentes – cujo novo arranjo, com ares de... tango (!), realçou a dramaticidade da letra.
A outrora dançante “Baby de Babylon” lançada no ano passado, recebeu um roupagem bossa nova, com eventuais compassos de... reggae (!). Ficou interessante. Já a ótima “Já É!”, de 2003, mesmo desplugada, não perdeu o seu pulso disco.
No DVD, Lulu homenageia os seus três ‘santos’
A cantora Marina De La Riva – descrita pelo cantor como “indescritível” – é convidada especial da (excelente) versão hispânica de “Adivinha o Quê?” e, apesar da voz pequena, empresta puro charme à gravação. Simplesmente hilário o momento em que ela se dirige a Lulu, no idioma de Cervantes, dizendo “tremendo vacilón”. Detalhe: a flauta supriu perfeitamente a ausência do solo de guitarra.
O baixista Jorge Aílton, autor de “Atropelada” – gravada pelo anfitrião em Singular, o antecessor de Lulu Acústico MTV II – faz o vocal principal da sua “O Óbvio”. Com seu jeitão de hino, a mediana “E Tudo Mais”, que abre o espetáculo, é a única inédita.
Disponíveis apenas no DVD, as três faixas bônus são, na definição do próprio Lulu, “velas” acesas para os seus “santos”: Gilberto Gil, homenageado com “Ele Falava Nisso Todo Dia”; o já mencionado Jorge Ben Jor, com “Tuareg”; e Caetano Veloso, com “Odara”, que contou novamente com a participação de Marina De La Riva e também de Andrea Negreiros, vocalista da banda de Lulu. As duas primeiras já haviam sido gravadas pelo autor de “Certas Coisas” – em Letra & Música, de 2005, e Assim Caminha a Humanidade, de 1994, respectivamente. Apenas “Odara” é inédita na voz do cantor carioca.
Mesmo sem superar o primeiro Acústico – que trazia o supra-sumo de sua obra –, Lulu Acústico MTV II é um bom registro daquele que é um dos principais nomes da música brasileira. Considerando o autor que sempre foi, Lulu Santos, se tivesse nascido no Reino Unido, certamente estaria à altura de um Elton John...
Sobre “Auto Estima”, escrevi aqui. Sobre “Vale de Lágrimas”, aqui. Sobre “Baby de Babylon”, aqui. Sobre “Atropelada” [post reescrito], aqui.
A resenha de Singular, o mais recente álbum de inéditas de Lulu Santos, pode ser lida aqui. E o vídeo de “Tudo Azul”, extraído do DVD Lulu Acústico MTV II, pode ser visto aqui.