sábado, maio 28, 2011

Eric Clapton: ‘God’ virá ao Brasil


Confirmado: Eric Clapton [foto] virá ao Brasil este ano, mais precisamente em outubro. E se apresentará em três capitais: Porto Alegre, no dia 6; Rio de Janeiro, no dia 9; e São Paulo no dia 12.

Do alto de quase meio século de carreira, o maior guitarrista vivo do planeta — e, muito provavelmente, o segundo maior de todos os tempos, perdendo apenas para Jimi Hendrix — merece como poucos o epíteto de “lenda viva”. Nos anos 1960, aliás, jovens londrinos foram ainda mais longe, pichando os muros da cidade com a frase “Clapton Is God” (Clapton é Deus)[à direita].

Além de ter sido integrante dos John Mayall And The Bluesbreakers, dos Yardbirds, do Cream e do Blind Faith, EC construiu uma sólida trajetória solo, que não sucumbiu nem aos percalços pelos quais passou na década de 1970 — o vício em heroína e, posteriormente, o alcoolismo — e de 1990 — a morte do filho Conor, ao cair de um prédio em Manhattan.

E, não bastasse a destreza no instrumento, Clapton tornou-se, com o passar dos anos, um grande arranjador e intérprete, conseguindo emplacar sucessos — suas ou de outros autores — como “Wonderful Tonight”, “Cocaine”, a tristonha “Tears In Heaven” e “Change The World”, entre outros. 


Na bagagem, ‘Clapton’, o novo CD

Eric Clapton vem ao Brasil para divulgar o seu vigésimo trabalho, intitulado tão somente Clapton [à esquerda, a capa], lançado em outubro do ano passado. Nele, o músico incluiu apenas uma canção autoral — a irresistível “Run Back To Your Side”, que conta com a participação do jovem guitarrista americano Derek Trucks. 

Mas quem se importa? O artista escolheu a dedo covers da sua “praia” — o blues, claro — e de jazz. E brilha nas versões serenas de “Autumn Leaves” e “Rockin' Chair” — nas quais, aos 66 anos de idade, reflete sobre a passagem do tempo. 

Clapton também se permitiu soar leve e bem-humorado tanto no fox “My Very Good Friend The Milkman” quanto em “When Somebody Thinks You're Wonderful”, que fala da adulação aos artistas. Em ambos os momentos, chega a lembrar — pasmem — Sinatra (!).

Contudo, os destaques do álbum são: o clássico “How Deep Is The Ocean”, escrito por Irving Berlin em 1932 (!); e, em especial, a pungente balada “Diamonds Made From Rain”, que traz Sheryl Crow nos vocais — e que, em um mundo ideal, estaria em alta rotação nas FMs.

A julgar por Clapton, o CD, o Brasil verá — e, principalmente, ouvirá God ainda em alto nível. É só aguardar.



Ouça “Diamonds Made From Rain:





Da série São Bonitas as Canções: ‘Judgement Day’, com Eric Clapton

              
Na semana passada, o Twitter não tinha outro assunto senão “o fim do mundo”, previsto por Harold Camping [foto]. Pastor americano de 89 anos de idade, Camping chegou a informar, inclusive, data e hora do Armageddon: sábado, 21 de maio, por volta das 18h, horário de Brasília.

Resultado: obviamente, o mundo não acabou – caso contrário, vocês não estariam lendo estas mal traçadas (e tampouco eu as teria escrito). E esta não foi a primeira vez que o velhinho dá uma dessas: em 1994, ele fez uma previsão semelhante – e atribuiu o seu vexame a um “erro de cálculo”.

Dois dias depois de mais esta mancada, Camping se manifestou através da imprensa. Constrangido, assumiu novo “erro de cálculo”. E já divulgou nova data para o nosso planeta ir para o brejo: 21 de outubro de 2011.

Resumo: com o perdão do trocadilho, Harold Camping mostrou ser apenas mais uma “besta do Apocalipse”. Literalmente.


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Em Clapton, seu mais recente álbum de estúdio, Eric Clapton gravou um blues que ironiza justamente o “Dia do Julgamento”, tão alardeado por nefastos “profetas” como Camping.


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sábado, maio 21, 2011

Da série São Bonitas as Canções: ‘...e o Mundo Não se Acabou’, com Paula Toller

O final dos tempos é um antigo temor da humanidade. E, eventualmente, surge como temática de alguma canção. É o caso de “...e o Mundo Não se Acabou”, composição de Assis Valente (1911 – 1958), gravada pela primeira vez por Carmen Miranda em 1938 (!).

A letra, autoexplicativa, fala das peripécias que o eu-lírico comete diante da iminência de uma hecatombe. E, no final das contas, o mundo não acaba...

Em 1998, recebeu versão de Paula Toller [foto], em seu primeiro CD solo, epônimo – curiosamente, exatos 50 anos após o registro da Pequena Notável.

Outra curiosidade fica por conta do verso “peguei na mão de quem não conhecia”, que foi... digamos, atualizado pela cantora do Kid Abelha...

O vídeo em questão foi extraído do DVD ao vivo, Nosso, lançado por Paula Toller em 2008.


Assis Valente, o autor de ‘Brasil Pandeiro’ e ‘Boas Festas’

É o caso de ‘...e o Mundo Não se Acabou...’, composição de Assis Valente...
  

Baiano de Santo Amaro da Purificação – e, portanto, conterrâneo de Caetano Veloso – Assis Valente [foto] cometeu suicídio ingerindo formicida na extinta Praia do Russel, no Rio de Janeiro – por conta de dívidas e, reza a lenda, também de sua condição homossexual.

Foi o autor de “Brasil Pandeiro”, gravada por Carmen Miranda em 1940, e que recebeu excelente versão dos Novos Baianos no clássico Acabou Chorare (1972). E também de “Boas Festas”, provavelmente a mais conhecida canção natalina brasileira.


Veja o vídeo de “Brasil Pandeiro”, com os Novos Baianos...
  



...e também de “Boas Festas”, com João Gilberto:

Paul McCartney em solo carioca

                                                                 
Todo mundo sabe: Sir Paul McCartney [foto] tocará amanhã e segunda-feira, 23, no Estádio Olímpico João Havelange, o já famoso Engenhão, no Rio de Janeiro. Será a segunda passagem da turnê Up And Coming por terras brasileiras em menos de doze meses. Em novembro do ano passado, Macca se apresentou no Morumbi, em São Paulo, e no Beira-Rio, em Porto Alegre.

E convenhamos: seria de uma obviedade sem tamanho postar aqui, para mencionar o fato, algum dos clássicos dos Beatles, ou mesmo um hit do Wings ou de sua carreira solo.

Portanto, para mostrar que McCartney está (muito) distante de qualquer acomodação artística, uma boa pedida é a ousada “Don't Stop Running”, faixa que encerra o seu mais recente trabalho de estúdio, o surpreendente  Electric Arguments [à esquerda, a capa do álbum], de 2008.

O CD foi creditado, na verdade, a The Fireman, o projeto paralelo que Paul desenvolve ao lado do DJ Youth, ex-baixista do Killing Joke, e que já rendeu três álbuns.

Climática e eletrônica, “Don't Stop Running” é a prova cabal de que, mesmo tendo ultrapassado os “sixty-four”, Paul McCartney ainda procura novos rumos para a sua carreira. E acha.


P.S.: a resenha que escrevi sobre Electric Arguments pode ser lida clicando aqui.

P.S. nº 2: a apresentação de amanhã, 22,  será transmitida, ao vivo, em http://paul.terra.com.br/.



Ouça “Don't Stop Running”, do The Fireman. Tem quase quase dez minutos de duração. Mas vale a pena:

Paul McCartney: jazz e ‘rock pesado’

                         

Esta semana, aliás, Paul McCartney [foto] anunciou que está gravando um CD com standards de jazz. Canções da era “pré-rock”, segundo o próprio artista.

— É o estilo do meu pai e são músicas que admiro. Sempre quis fazer isso, desde quando ainda estava nos Beatles. Só que o Rod [Stewart] fez. Aí, pensei: ‘Vou ter que esperar um pouco, para não parecer que o estou imitando’.... — explicou o ex-beatle.

O repertório está sendo mantido no mais absoluto sigilo — McCartney só adiantou que pretende “se afastar das óbvias”. Sabe-se, contudo, que algumas faixas contam com a participação da cantora e pianista canadense Diana Krall.

— Vai ser música para a hora de chegar em casa, depois do trabalho. Você põe pra tocar e pega uma taça de vinho...

Este será o terceiro álbum de regravações da carreira do cantor. Em 1987, editou Choba B CCCP (Back In The USSR), inicialmente disponível apenas para a antiga União Soviética, no qual resgatou clássicos do rock como “Lucille” e “Twenty Flight Rock”. E repetiu a dose em 1999, com o arrasador Run Devil Run, seu primeiro trabalho após o falecimento de sua esposa Linda McCartney, em 1998.

Em contrapartida, Paul revelou que também está compondo para um álbum de “rock pesado”, inspirado por Wasting Light, o mais recente trabalho do Foo Fighters, banda de Dave Grohl, ex-Nirvana.

— Isso pode parecer estranho, mas mantém o frescor. Nunca se sabe: posso correr para uma garagem e fazer este outro álbum.


Veja o vídeo da (estupenda) versão “No Other Baby”, obscura faixa do The Vipers, que McCartney gravou em Run Devil Run: