terça-feira, outubro 13, 2015

Em ‘Rattle That Lock’, David Gilmour mostra a competência de sempre


CD
Rattle That Lock (Sony Music)
2015


Nove (longos) anos após o excelente On An Island, David Gilmour, ressurge com Rattle That Lock. Nesse hiato, o vocalista/guitarra do Pink Floyd esteve envolvido no lançamento do “canto de cisne” do gigante do rock progressivo, The Endless River, que chegou às lojas em 2014. De qualquer forma, é curioso observar que, apesar de sua extensa carreira. este é apenas o seu quarto álbum solo de estúdio.

Igualmente intrigante é a similaridade entre a apresentação do CD recém-lançado e o anterior. Ambos possuem dez faixas, sendo três instrumentais — e uma delas inicia os trabalhos. Aliás, não há como negar que o conceito de continuidade permeia Lock em sua totalidade.

Ao longo dos anos, Gilmour, 69, desenvolveu um estilo próprio — e inconfundível — de compor, tocar, arranjar e cantar. Sendo assim, fica claro o seu total desinteresse em soar “moderninho” ou algo do tipo. O artista busca apenas realizar com excelência aquilo que sabe — e é evidente que consegue. Ainda assim, há espaço para uma pequena “ousadia”: o (impensável) jazz (!) tipo fim-de-noite “The Girl In Yellow Dress”.

A primeira música de trabalho é justamente a animada — na medida em David se permite soar como tal — faixa-título, assumidamente baseada nas quatro notas que precedem os anúncios comerciais nas estações de trem da França. Já a letra, inspirada em Paraíso Perdido, livro de poemas do século XVII do inglês John Milton, foi escrita pela esposa do músico, Polly Samson. Aliás, Samson foi a responsável por várias letras do penúltimo álbum do Floyd, The Division Bell [1994].

Embora repleto de grandes momentos, como as belíssimas “A Boat Lies Waiting”, “Faces Of Stone” e a otimista “Today” (a segunda faixa de trabalho), Rattle That Lock não supera seu antecessor. Todavia, apresenta a competência habitual de um dos músicos populares mais importantes de todos os tempos — e certamente agradará os fãs de sua antiga banda. Afinal, com todo respeito a Roger Waters, Nick Mason e à memória de Syd Barrett e Richard Wright, podemos dizer que, hoje, David Gilmour é, sim, o Pink Floyd em pessoa.



Veja o vídeo oficial de “Rattle That Lock




...e da pop (!) “Today”:

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