terça-feira, dezembro 29, 2015

Sobre ‘Luiz Maurício’ [2014], de Lulu Santos

Na capa, Lulu aparece na companhia da mãe, aos cinco anos de idade, em frente aos jardins da Casa Branca
“...sucessor do (bom) Luiz Maurício...”

(“Lulu Santos regrava ‘Xibom Bombom’, sucesso do grupo As Meninas”, dezembro de 2015)


Lançado em 2014, o mais recente álbum de inéditas de Lulu Santos, Luiz Maurício, começou a ser gravado dois antes. Em entrevista, o autor de “Um Certo Alguém” revelou que mostrou a faixa-título ao DJ Marcelo “Memê” Mansur, que produziu quatro trabalhos seus — a bem-sucedida trilogia Assim Caminha a Humanidade [1994], Eu & Memê, Memê & Eu [1995] e Anticiclone Tropical [1996], além de Bugalu [2003].

— Memê é o meu outro ouvido. Sempre que estou em dúvida, recorro a ele. 

O DJ gostou da gravação. Mesmo assim, Lulu perguntou se ele conseguiria melhorá-la. A resposta: “vastamente”. Não por acaso, o remix assinado por Memê inicia os trabalhos — o que é algo absolutamente incomum.

Editado também em vinil, Luiz Maurício apresenta duas facetas distintas. O lado A abraça a eletrônica e mira o futuro. Além do remix da faixa-título, a irresistível “Sócio do Amor” foi igualmente repaginada pelos DJ Sany Pitbull e Batutinha. “SDV (Segue de Volta?)” transita no universo das redes sociais, com uma inteligente comparação com os julgamentos dos imperadores romanos (“Se o ícone do polegar é positivo ou não / no Coliseu particular da sua multidão”). Já “Michê (Chega de Longe Bis)” teve as participações de Mr. Catra e do cantor Jorge Aílton, baixista de Lulu. A faixa foi gravada originalmente em Canções em Ritmo Jovem [2013], segundo álbum solo de Aílton, em dueto com o próprio Lulu. Finalizando o bloco, a instrumental “Drones”, uma das últimas gravações produzidas pelo craque Lincoln Olivetti, falecido em 2015.

O lado B, por sua vez, apresenta uma sonoridade mais tradicional. Composta no ukelele, “Torpedo”, a primeira faixa, não consegue afastar completamente, apesar do arranjo animado, uma certa melancolia de sua melodia claramente influenciada pelo samba. A bem-humorada “Efe-se” é seguida por duas pop song típicas de Lulu, “Fogo Amigo” e a reflexiva “Lava Jato” — não, a letra não fala sobre política. Além da hendrixiana instrumental “Blueseado”, as versões originais de “Luiz Maurício” e “Sócio do Amor” — com direito a um quarteto de cordas na introdução — encerram os trabalhos.

Na ocasião de seu lançamento, Lulu Santos explicou que “foi bastante criterioso em relação ao repertório”, pelo fato de que “não estava muito interessado em lançar um disco novo”. Deu certo: apesar de inferior ao seu último álbum verdadeiramente bom — Letra e Música, de 2005 —, Luiz Maurício supera amplamente os seus antecessores Longplay [2007] e Singular [2009].



Veja o vídeo de “Luiz Maurício”, com participação de Mariana Ximenes, Paula Burlamaqui, Marcius Melhem, Carlinhos de Jesus, Lúcio Mauro Filho e Cláudia Ohana, entre outros. Detalhe: os “candidatos” apresentam os diversos visuais que Lulu adotou ao longo de sua carreira:




E também o de “Sócio do Amor”, extraído do DVD Toca + Lulu – Ao Vivo [2015]:

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