quarta-feira, março 19, 2008

“Queridos Amigos”


Queridos Amigos chega ao fim essa semana honrando a tradição global de boas mini-séries - outro exemplo recente é JK. Baseada no livro Aos Meus Amigos, de Maria Adelaide Amaral, a narrativa abordou, de maneira crua, temas como casamento, prostituição, homossexualismo, os resquícios dos chamados “anos de chumbo” no Brasil e até aids.

Impossível não destacar as atuações irrepreensíveis de Bruno Garcia e, especialmente, Denise Fraga (mais conhecidos por personagens cômicos, ambos surpreenderam em papéis dramáticos), além de Dan Stulbach, Guilherme Weber, Matheus Nachtergaele e Maria Luisa Mendonça. Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira dispensam comentários.

A trilha sonora é algo à parte. Vai de Milton Nascimento (“Nada Será como Antes”) a Jimi Hendrix (“Little Wing”), passando por Elis Regina (“Aos Nossos Filhos” e “Tatuagem”), Janis Joplin (“Cry Baby”), Stevie Wonder (“For Once In My Life”) e Steppenwolf (“Born To Be Wild”) - e acertando sempre. Se eles tiverem juízo, lançam o CD.

Da série “Fotos”: torcida do Flamengo

Tirei essa foto da (digam o que disserem) incomparável torcida do Flamengo no domingo passado, 16, no Maracanã. O programa só não foi mais divertido porque - como todos sabem - o Botafogo venceu a partida por 3 a 2.

Mas convenhamos: essa derrota, na prática, não significou nenhuma catástrofe. O Fla, já classificado para a final do Estadual, entrou em campo com apenas três titulares, já pensando na partida de hoje contra o Nacional, do Uruguai.

(É sempre importante arranjar uma desculpa, não?)

E olha que nem estava cheio...


“Na Nossa Casa”

Para encerrar o assunto: qualquer um que escutar com atenção a faixa “Na Nossa Casa”, do CD Nove Luas, 1996 [no detalhe], perceberá que a canção soa estranhamente... profética.

A letra é assim:



Quando anoiteceu,
Nenhuma luz na nossa casa se acendeu -

Aonde você estava?
Aonde estava eu?

Se tudo parecia nada, ainda assim,
O nada era mais do que o que você deixou
No fim.

Quando aconteceu,

Quando algo em que a gente acreditava se perdeu,

Por onde você andava?
Por que não me socorreu?

Não é o fim do mundo -

É só o fim de tudo que fomos nós.

Sem flutuar

E sem tocar o fundo...


Sempre sós.

“Tendo a Lua”

Outra canção da qual gosto bastante - e que não foi executada no show do Maracanã - é o soft-reggaeTendo a Lua”, do álbum Os Grãos, 1991 [no detalhe].

Todo mundo, em determinado momento da vida, já deu uma geral nas tralhas, revisitando a própria história nesse gesto tão prosaico (“Eu hoje joguei tanta coisa fora/ E vi o meu passado passar por mim./ Cartas e fotografias...”).

Além disso, é impossível não lembrar das pessoas já “partiram”, precisamente no verso “gente que foi embora...”

Decididamente, “a casa” NÃO fica “bem melhor assim”.

Paralamas do Sucesso


Tenho todos os discos dos Paralamas do Sucesso, comprados em suas respectivas datas de lançamento. Sempre gostei deles. Sempre os respeitei sobremaneira. Mas, na minha franqueza um tanto estabanada, devo dizer que jamais imaginei que a apresentação deles na abertura do show do Police seria tão tocante para mim.

Foi o primeiro show dos PDS que assisti após o acidente do Herbert. E foi muito intenso vê-lo ali, tentando “tocar o barco” com dignidade. Além de um grande artífice, o cara é também um verdadeiro sobrevivente - na acepção da palavra. Inclusive, tocou no assunto ao alterar um pedaço da letra de “Óculos”: “Em cima dessas rodas, também bate um coração”.

Já na música que abriu o show, “Vital E Sua Moto”, o primeiro flashback: eu não tinha nem dez anos de idade quando isso tocava no rádio. Foi assim ao longo da apresentação: a cada canção, eu lembrava como era a minha vida quando a faixa em questão foi lançada.

E assim, dei conta de que a música dos PDS se mistura com a minha própria trajetória - sem que eu jamais tivesse percebido isso.

Em “Meu Erro”, a casa caiu. Mesmo. Quase um quarto de século depois, a canção não perdeu a força. Aqueles versos, a despeito de sua singeleza - ou, talvez, por causa dela -, ainda soam irremediavelmente verdadeiros:

Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros.
Não há nada de novo...


Ainda somos iguais.



Enfim, foi uma apresentação memorável. Vida longa ao Paralamas do Sucesso.

The Police: para finalizar o assunto


Escrevi mais sobre o Police nos últimos meses do que na minha vida inteira. É natural, creio. Guardadas as devidas proporções, um beatlemaníaco teria o mesmo entusiasmo diante de uma turnê mundial do quarteto de Liverpool - se os quatro estivessem vivos, obviamente.

De qualquer forma, para finalizar esse assunto, gostaria de aprofundar algo que abordei de maneira superficial na matéria (gigantesca) que escrevi sobre o show do Maracanã, publicada na mais recente edição do IM [ver dois posts abaixo]: sobre a tal “desaceleração” de algumas canções executadas na turnê.

Para mim, são dois os motivos: a) idade, claro (os caras não são mais crianças); b) o amadurecimento dos três como músicos. A Legião Urbana é um bom exemplo disso: apenas sete anos separam a visceral “Geração Coca-Cola” da densa e progressiva “Metal Contra as Nuvens”.

O Police, da mesma forma, evoluiu, em apenas cinco anos, de uma faixa punk como “Next To You” para o detalhismo de uma “Wrapped Around Your Finger” - cuja letra, aliás, é fantástica.

A ótima “Murder By Numbers”, faixa que encerra Synchronicity, quinto e último álbum do trio, já dava (com sua guitarra jazzy) uma pista de como poderiam soar os futuros trabalhos da banda, se não tivesse havido a ruptura.

“Get Up Stand Up”

Tenho em casa discos de reggae, ska, dub e afins - embora, para ser franco como sempre, não os ouça com freqüência. Na minha modesta opinião, se o sujeito deseja atuar no jornalismo musical sem, pelo menos, conhecer os ritmos jamaicanos... só pode estar de brincadeira.

Mas sei que muita gente detesta tudo isso. E entendo perfeitamente os motivos: a questão da “apologia”, etc e tal. Reconheço que, de certa forma, eu partilhava da mesma opinião. Hoje, no entanto, vejo que é perfeitamente possível apreciar a música sem qualquer associação à marijuana - da qual, faço questão de frisar, jamais fui adepto.

No entanto, mesmo aqueles que não podem nem ouvir falar em reggae deveriam estar no Maracanã, no dia da apresentação do Police. A música de introdução do show era “Get Up, Stand Up”, na poderosa gravação original de Bob Marley [foto] e os Wailers.

E vamos combinar: aquilo tem uma força que nem o maior detrator da filosofia rastafari pode negar.

International Magazine: edição de fevereiro/2008


Atrasado e aflito”, como diria Caetano Veloso, trago os destaques da edição de fevereiro do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE:


  • Tendo lançado recentemente sua autobiografia, Eric Clapton tem mais motivos para comemorar: depois de uma vida de excessos, o Deus da Guitarra completa duas décadas de abstinência alcóolica. Por Marcelo Fróes;

  • Cinco entrevistas exclusivas: Ivan Lins (por Marcelo Fróes), Wagner Tiso (por Maurício Gouvêa e Marcelo Fróes), o saxofonista Mauro Senise (por Elias Nogueira), George Israel & Rodrigo Santos (também por Elias Nogueira) e o grupo Os Outros (por Marcelo Fróes);

  • Tudo sobre a imperdível caixa tripla de DVDs The McCartney Years, de Paul McCartney. Por Gustavo Montenegro.

E artigos meus sobre:


  • Bluefinger, o novo CD de Black Francis, ex-vocalista do Pixies:
Para aqueles que sentem saudade do Pixies, a notícia é boa: pela primeira vez, após doze discos solo, o ex-vocalista do quarteto de Boston, Frank Black, volta a assinar como Black Francis, como nos seus tempos de banda. E isso não foi por acaso: em seu novo trabalho, Bluefinger (que saiu no exterior em 2007 e recebe agora versão nacional da Deckdisc), o rotundo músico emula a sonoridade de sua extinta banda, um dos nomes mais influentes do rock alternativo americano, com fãs ilustres como Kurt Cobain. (...)


  • a cobertura completa do show do Police no Maracanã:
Antes de qualquer coisa, é necessário considerar as circunstâncias: o Police, no auge do sucesso, após a Synchronicity Tour, entrara em um recesso do qual não retornaria. As brigas internas foram o principal motivo da ruptura, mas some-se a isso o desejo de liberdade artística por parte de Sting.

Quando indagado sobre um possível retorno do grupo, o vocalista era taxativo: “Uma volta do Police? Sem mim!”. Ou pior: “se um dia eu voltar para o Police, será o meu certificado de insanidade.” Enfim, mesmo com os três integrantes vivos, a possibilidade de um retorno do Police era tão remota quanto uma volta... dos Beatles.

Essas adversidades justificaram o espanto do planeta diante da apresentação do trio na entrega do Grammy de 2007. E o espanto foi ainda maior no dia seguinte, quando foi feito o anúncio de um giro mundial do grupo. Ninguém aqui no Brasil, contudo, esperava que a turnê pudesse passar por essas plagas. Portanto, quando foi confirmado de que haveria uma única - sim, apenas uma - apresentação em terras brasileiras, no Estádio do Maracanã, era de esperar que seria algo singular. Não deu outra.

E assim, 74 mil pessoas estiveram presentes a um evento cujo ingresso mais barato custava R$ 160,00. Mas o investimento valia a pena. (...)



  • o primeiro Natal em quarenta anos (!) em que Roberto Carlos não lança um novo álbum:
Por essa, ninguém esperava: pela primeira vez em quarenta anos (!), Roberto Carlos deixa de lançar o seu (digam o que disserem) sempre aguardado álbum anual. Mesmo nos momentos mais dolorosos da vida do Rei, sempre houve algum lançamento. Foi o caso de 30 Grandes Sucessos, compilação editada em 1999, ano em que faleceu Maria Rita, esposa do cantor.

Se tudo transcorresse dentro da normalidade, RC teria lançado em dezembro último, em CD e DVD, Roberto Carlos En Vivo, trazendo o registro das apresentações realizadas em Miami nos dias 24 e 25 de maio de 2007. (...)



Leia a íntegra dessas matérias - e muito mais - no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE desse mês. Já nas bancas.

segunda-feira, março 17, 2008

Obrigado!

Embora com enorme (e indesculpável) atraso, venho agradecer pelos e-mails, scraps e telefonemas que recebi por ocasião de meu aniversário - sem esquecer, é claro, dos familiares e amigos com os quais estive pessoalmente na data.

Posso dizer a todos vocês, com absoluta convicção - e sem demagogia alguma -, que, sem o afeto das pessoas... a vida teria um sabor diferente.

Muito obrigado mesmo, pessoal. :)